“Imagine there's no heaven
It's easy if you try
No hell below us
Above us only sky
Imagine all the people
Living for today
Imagine there's no countries
It isn't hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people
Living life in peace
You may say
I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope some day
You'll join us
And the world will be as one
Imagine no possessions
I wonder if you can
No need for greed or hunger
A brotherhood of man
Imagine all the people
Sharing all the world
You may say
I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope some day
You'll join us
And the world will live as one”
(LENNON,
John)
Os
britânicos não vão passar fome, e o Reino Unido tampouco será uma nova Grécia.
Apesar das turbulências que o país terá de enfrentar, sobretudo a sucessão do
primeiro-ministro David Cameron que renunciou após o resultado da votação e a
possibilidade de uma saída da Escócia, o Reino Unido vai se recompor. Há exatos
um século o país travava uma duríssima guerra, e poucas décadas depois ainda
teve de lutar bravamente para se manter longe dos avanços das tropas nazistas.
Eles vão sobreviver a isso.
O mau
clima em Londres, região que expressava grande apoio pelo “remain” prejudicou o
apoio à permanência, já que muitos não tiveram sequer a
possibilidade de votar. Mas agora já não há mais nada o que se fazer senão
olhar para o Reino Unido em uma perspectiva longe dos outros 27 componentes da
União Europeia. E é pra justamente para ela que atenções têm que se voltar.
Seja com políticos mais famosos, como Marine Le Pen na França, ou menos, como
Hofer na Áustria, eurocéticos parabenizaram a decisão dos britânicos logo que o
resultado foi anunciado. O nacionalismo, que nas palavras de Borges: “só permite
afirmações e, toda doutrina que descarte a dúvida, a negação, é uma forma de
fanatismo e estupidez” ganhou sua primeira grande batalha contra o projeto
europeu, e a mobilização tem de ser para que o avanço seja contido, já que, por
exemplo, uma vitória da Frente Nacional nas eleições francesas do ano que vem
seria muito mais danosa do que o Brexit, e provavelmente incorreria
na França fora da União Europeia, declarando praticamente o fim do bloco.
O
projeto europeu e tudo que ele representa de uma Europa que superou os traumas
das duas grandes guerras e se tornou um grande marco de estabilidade foi
duramente golpeado. A utopia que John Lennon descreve em Imagine fica cada vez mais distante com o projeto
europeu se enfraquecendo, em um momento que valores como o nacionalismo que já
levaram europeus a tantas tragédias voltam a se sobrepujar a questões mais
importantes como a solidariedade, o que é exemplificado no bárbaro espetáculo
da crise dos refugiados. Se existe um consolo? Sim, John Lennon, você nunca foi
e nunca será “the only one”.
Agora é aqui