Esporte
é futebol, o resto é gincana. Mais certo do que isso, só o fato de que
churrasco é bom. Somando esta certeza à frase de Winston Churchil: “a
democracia é a pior das formas de governo, salvo todas as demais tentadas de
tempos em tempos”, temos a dimensão destas duas, que juntas da cerveja, são as
três grandes obras da humanidade.
A
questão é que o fato da cerveja ser esplêndida não exclui, por exemplo, o valor
de uma boa dose de whisky, que nas palavras de Hemingway, é “um dos maiores
prazeres do mundo”. Agora, aplicar outra forma de governo necessariamente
implica que a democracia não será utilizada, assim como realizar outra
atividade física que não o futebol exclui a realização do amado esporte bretão.
Este é o ponto, as gincanas que vemos tomarem os noticiários nas proximidades
das Olimpíadas, fariam sentido de serem praticadas, mas no hipotético mundo em
que não houvesse sido encontrada a perfeição dos onze contra onze que
proporcionam espetáculos como a Libertadores. Assim como é compreensível a
existência de regimes absolutistas, teocráticos, oligárquicos, mas no âmbito
pré-Iluminismo, no qual os valores democráticos dos quais nos orgulhamos ainda
não haviam sido testados.
Pegue de
exemplo uma das melhores gincanas, o basquete. Tem bola, contato físico e é
coletivo. O seu esplendor, a NBA, ainda assim seria como uma ditadura, já que a
mais rústica das atividades futebolísticas, na analogia democrática, supera e
muito o jogo dos homens altos. É tão certo quanto churrasco ser bom que Funorte
x Formiga pelo Módulo II do Campeonato Mineiro sub-17 é absolutamente mais
interessante do que qualquer um destes playoffs da liga americana de basquete
que vêm me atormentando nas últimas semanas.
Mas
assim como, lamentavelmente, existem pessoas que não compreendem os benefícios
democráticos, e afirmam preferir uma ditadura em troca de vantagens como a
estabilidade econômica, é até compreensível que alguns não enxerguem o quão
maravilhoso é o esporte de Odvan, Lugano e tantos outros. No entanto, existem
expressões tão bizarras quanto seria hoje a proposta de um regime absolutista,
como o tênis. O jogo das raquetes e o absolutismo são coisas para um ou outro,
nas quais não há a participação de mais de quatro pessoas, e conseguem ser
piores do que escanteio curto. E eu creio que viver em um feudo durante a Idade
Média sem nenhum acontecimento durante a vida deveria ser menos enfadonho do
que uma partida de tênis, a conferir.
Temos
ainda o específico caso do futsal, que é uma espécie de semidemocracia. Conta
com quase todos os elementos do futebol, mas falta o apelo do esporte bretão.
Não deixa de ter seu valor, e na falta da plena democracia, é algo que tem que
ser louvado. Em exemplos práticos, seria como Myanmar, que realiza eleições e
tem um regime político com uma série de restrições, mas antes enfrentava uma
ditadura militar. Esse ano tem Copa do Mundo de futsal, na ausência de um bom
jogo, fica a dica de programa. São melhores do que nada.
Escrevo
estas linhas assistindo à Eurocopa, uma partida da França que como diria Luis
Roberto, conta com seus “negros maravilhosos”. Como joga bola esse Pogba.
Portanto, boa oportunidade para ver o quão fantástico é o futebol. A França que
é o berço da democracia, de vez em quando dá mostras de também ser boa dentro
de campo, infelizmente, em contrapartida Marine Le Pen lidera as pesquisas, em
um escorregão da democracia. Nada que o país que se recuperou do vexame na Copa
de 2010 não supere. Mas no fim das contas, a grande vantagem da democracia é
justamente essa, cada um pratica o que quiser. Pensar que ainda existem países
nos quais pessoas são presas e recriminadas por praticarem atividades físicas é
uma barbaridade. Viva às Olimpíadas e as gincanas que só vejo nessa época, claro,
pedindo pênalti em qualquer disputa perto da área.
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