quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

O fim da Guerra Fria?

As duas Grandes Guerras arrasaram a Europa. As dividas da primeira são discutidas até hoje. Os reflexos da segunda são sentidos em praticamente todas as áreas, desde a política até a economia. Isso todos já sabemos. Mas e o que a guerra teoricamente fria que se arrastou pelo século XX causou?
Essa sim foi a mais mundial de todas as guerras travadas pela humanidade até hoje. Todas as regiões do globo sofreram com as invasões, financiamentos, envio direto de armas e tudo o que sabemos que os Estados Unidos e a URSS fizeram durante o período. O reflexo foram as ditaduras militares na América do Sul, as guerras civis na central, os sanguinários regimes como o de Pol Pot no sudeste da Ásia, dentre outras muitas guerras e regimes totalitários.
Enquanto isso, até 1962 Estados Unidos e URSS se preocupavam mais em assustar uns aos outros do que com guerras e fome em seu próprio território. Até uma crise dos misseis fazer com que os dois financiadores de um conflito global realmente sentissem os efeitos do que eles vinham criando.
Mas passada a crise, outro problema começou assolar americanos e soviéticos. As invasões tanto no Afeganistão quanto no Vietnã começaram a não matar apenas afegãos e “vietcongues” já que compatriotas voltavam em caixões destas guerras que boa parte da nação não entendia o porquê de serem travadas.
Nos Estados Unidos isso levou a uma série de apelos populares pelo fim da invasão no Vietnã. Na URSS que não era tão adepta de apelos populares, o fim das invasões foi por conta do colapso do regime. O desfecho disso já é conhecido: 1989 cai o Muro de Berlim, 1991 tem fim a União Soviética. Mas o que muita gente não sabe é que, por exemplo, em Angola a desastrosa guerra civil iniciada no período, durou até 2004.
E no Afeganistão, um dos países mais promissores da Ásia na década de 70? Os financiados pelos EUA para lutar contra a URSS deram inicio a um dos governos mais radicais do final do século XX, além da Al Qaeda, o 11 de setembro, a invasão do país que dura até hoje e que começou com a intenção de tirar do poder aqueles que foram armados durante a Guerra Fria. Este é só talvez o exemplo mais caótico e irônico dos reflexos do período. Camboja, Vietnã, Nicarágua dentre outros países não se recuperaram das guerras causadas pela disputa entre as duas potências até hoje.
Apesar dos problemas, a tendência é de esperança. Hoje teve sim um ponto final em um desastroso legado da Guerra Fria: o fim do embargo dos EUA a Cuba. Como ficou bem claro, ainda é muito pouco pra declarar o fim do conflito, mas é algo importante. Outros avanços são os da nossa Comissão Nacional da Verdade com o objetivo de expor os horrores do período. Vamos pouco a pouco derrubando os Muros de Berlim que as duas potências deixaram.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

O amor na hora errada

Lembro bem, afinal de contas não faz tanto tempo assim, daqueles semideuses que vêm se despedindo dos gramados há alguns anos, ainda em ação. Zidane, Del Piero, Seedorf, Gattuso, Nedved, Davids, Makelélé, Giggs, e tantos outros que faziam aqueles dias regados a play 1 e Danoninho ainda mais especiais.  Dias que só não chegavam a serem tão encantadores quanto os dias de Champions League na TV. A oportunidade de realmente assistir ao Roberto Carlos do ataque, enfrentando o Del Piero mestre das faltas era algo especial. Mas não é de nenhum destes gênios que vou falar neste texto, e sim de outro amor, que aparecia no plano de fundo.
Quem me conhece sabe da minha relação de amor com a Heineken. Alguns amigos já me disseram que não é verdadeira, que ela só está interessada no dinheiro. Bobagem. Alguém nutrir paixão por uma cerveja é belo e justo, o problema é quando essa relação vem de tempos quando alguém não deveria ter grandes contatos com bebidas alcóolicas, cigarros e outros produtos que não são permitidos á menores de idade por razões também justas.
Uma criança pode querer um tênis ou uma bola simplesmente por seus jogadores preferidos fazerem propaganda destes. Quem dirá os tempos do começo do texto, quando os produtos “total 90” eram tão disputados quanto as figurinhas em época de Copa. Eu nunca tive os produtos da Nike, mas lembro do tormento que alguns dos meus amigos causavam até as mães comprarem a tal bola que normalmente era isolada depois de duas semanas. Acho que sou menos susceptível aos apelos comerciais, talvez pelo meu ódio prematuro ao imperialismo, mas não totalmente livre, tanto que resolvi escrever este meu humilde relato.
Quando me perguntam: “Kibe, você realmente gosta do gosto da cerveja?”, minha resposta normalmente é: “Sim, bastante.”. Acredito que pela família que tenho, e principalmente por gostar bastante de cerveja, eu viria a ser um grande consumidor de qualquer maneira. O ponto é: quando eu escolhi pela primeira vez tomar uma Heineken, e senti um gosto bem mais amargo do que já havia experimentado nas outras, era só uma opção de bebida, ou tinha toda a vinculação de uma marca global associada aos meus heróis de infância?
Infelizmente eu acho que a segunda resposta tem uma influência muito maior do que deveria. O impacto que vários jogos, intervalos comerciais e outros meios, nos quais a Heineken era vinculada aos meus jogadores preferidos, teve uma atuação em um amor que poderia até acontecer naturalmente, mas foi iniciado em anos que apesar de concepções, equilíbrio familiar, no fim das contas pra uma criança ainda são seus heróis, e do lado deles uma cerveja.
O meu foco na Heineken é por motivo absolutamente pessoal, claro. Tudo comigo aconteceu exatamente desse jeito, mas óbvio que Ambev, Marlboro, Budweiser (que veio na Copa com o comercial mais legal que já vi), e todas outras empresas que vinculam publicidade em meios de apelo infantil, também são representadas. Não acho que o que a Heineken faz é tão errado, afinal de contas não há legislação especifica sobre isso, e o espaço poderia ter sido comprado por grupos com interesses piores. O amor continua, só guardo magoas pelo Twitter da Heineken Brasil não me seguir.
Acho que discutir apenas a publicidade especifica pra crianças é um equivoco, já que o público infantil não vê apenas aquilo que é feito pra eles. No meu caso, o efeito foi criado, e hoje vivo uma relação de amor que não sei se começou na idade certa. O mesmo poderia ter acontecido com a Feiticeira, meu amor platônico dos seis anos de idade. Infelizmente não aconteceu, então termino com um lado positivo, o agradecimento dos meus pulmões á Rogério Ceni por nunca ter feito propaganda de cigarros.