sábado, 22 de março de 2014

1994: o ano que não terminou

A posição da Rússia em relação as outras ex-repúblicas soviéticas preocupa o mundo. O imperialismo do governo, envolto a um saudosismo da recentemente extinta URSS se contrapõe ao resto do Ocidente e quem sofre é a população das agora nações independentes. Enquanto isso um país não ocidental assiste a uma matança indiscriminada, que é levada adiante em grande parte pelo descaso das principais potências.
Este foi 1994. Mas poderia ser 2014, a diferença esta nas proporções, e felizmente não há nenhum Milosevic praticando genocídio ou ruandenses matando 1 milhão de compatriotas em 100 dias. Lembrando disso Sebastopol parece um playground.
Mas nem tudo melhorou tanto. O fato de a China ter sido grande financiadora na tragédia em Ruanda, e ser uma das grandes apoiadoras do atual regime sírio preocupa, e muito, como a 20 anos. A diferença esta na OTAN, que ficou cada vez mais enfraquecida, assistindo a Rússia e aos chineses ficarem cada vez mais poderosos. As atuais crises na Ucrânia e na Síria, com o Ocidente sendo omisso de uma forma poucas vezes demonstrada antes, só prova isso.
O que não mudou, e eu sinceramente quero saber se estarei vivo para ver alguma alteração, é na valorização da vida pelas nações do Ocidente. A matança que em pouco mais de três meses matou tantos quanto 20 anos de homicídios no Brasil, teve a péssima ideia de ocorrer paralelamente a uma crise na Europa. Entretanto, na Síria a guerra já vinha ocorrendo, e matando centenas de milhares, a alguns anos. E enquanto isso, a nem tão longe assim Crimeia teve sua situação aparentemente resolvida, sem nenhuma morte por facão, serra elétrica ou gás sarin. Enfim, Yanukovich saiu, a Crimeia votou em um mês; Assad usou armas químicas e continua a três anos.
Vale lembrar que em 94, na última Copa do Mundo na América quem se deu bem foi o Brasil. Se isso for como há 20 anos atrás, eu não reclamarei. Já quanto ao inchado orçamento que parece ter crescido em proporção a diminuição do número de mortes anteriormente citadas, tem tudo pra ser assunto até 2034.