quinta-feira, 24 de julho de 2014

Um País de Anões?

Não quis escrever sobre Israel e Hamas nos últimos dias pelo simples fato de que praticamente tudo o que é escrito ou dito sobre o conflito é leviano. Quando há alguma posição concreta normalmente é de um caráter antissionista nem um pouco velado. O que me motivou foi o posicionamento do governo brasileiro, que não tem outra atribuição a não ser: pífio.
Segundo as declarações brasileiras, a impressão é a de que o conflito é um mero massacre gratuito de palestinos em Gaza. O repúdio ao fato de crianças estarem morrendo é justo, e espero que seja a sensação de todos os brasileiros. No entanto a visão unilateral do conflito não ajuda em nada para que tenhamos enfim o sonhado cessar fogo.
O conflito ocorrendo em Gaza não é entre Palestina e Israel. O conflito é entre o Hamas e Israel. A Autoridade Palestina é neutra na situação e a favor de um cessar fogo imediato. Os EUA, tradicionais aliados de Israel são a favor de um cessar fogo. A ONU, a UE e qualquer outra entidade com um mínimo de bom senso é a favor de um cessar fogo imediato.
A questão não é se a pessoa acredita no Priorado de Sião, se é a favor da criação do Estado da Palestina, se acredita que judeus merecem o território após o Holocausto, nem nada disso. É o simples bom senso de parar uma ofensiva militar que vai matando cada vez mais inocentes, e algo que parece ser muito difícil para o governo brasileiro: se opor a um grupo terrorista que recusa um acordo de paz.
A declaração de que o Brasil é um “anão diplomático” foi absolutamente lamentável. O Burundi não deve ser considerado um país sem representação diplomática. A questão é que a manifestação brasileira não contribui em nada com o fim do conflito, e apenas embasa os argumentos terroristas de rejeitar um cessar fogo por conta da ofensiva de Israel.
Se há um lado positivo é que embasando a causa do Hamas, o Brasil se opõe aos interesses de Assad, que após uma traição do grupo terrorista, passou a ser um dos maiores inimigos destes. Quanto ao resto do conflito, acredito que os noticiários são suficientes para mostrar que qualquer posição além de um cessar fogo é um absurdo.
Na manifestação do governo brasileiro há uma posição de acabar com o conflito, a questão criticada por Israel é que o Hamas foi absolutamente ignorado, assim como qualquer outro grupo terrorista. O que reflete que sim, a política brasileira foi anã. Não sei se por desconhecimento ou por interesse, mas o erro ocorreu. Tomara que em contrapartida a decisão “anã” na seleção brasileira tenha sido um acerto.

  

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Pelo Menos (na bola)

Falar qualquer coisa depois de uma derrota dessas é muito mais fácil. Vou falar de uma, que em meio ao meu otimismo, me preocupava bastante. Pensei em falar antes do jogo contra a Alemanha, mas não deu e agora fica pra cada um acreditar se eu pensava assim, ou não.
Eu não acho que brasileiro gosta tanto de futebol bonito. Pra mim, na seleção, brasileiro gosta é de história. Essa paixão pelo futebol bonito pra mim fica clara que não é tão importante nos clubes em que três títulos brasileiros consecutivos jogando feio valem tanto quanto três encantando o mundo. Mas talvez pela necessidade de vencer seu vizinho de porta, uma história não é tão importante. Vale lembrar que o título de 2009 do Flamengo em que houve a recuperação de um imperador e de uma múmia(eu disse isso antes dele começar a jogar tanto), daria um baita roteiro e foi pouco explorado.
Mas na seleção é diferente, e vamos então para as cinco glórias da canarinho pra exemplificar isso:
1958: depois de perder tragicamente no Maracanã o título de campeão do mundo, um menino de nove anos de idade prometeu a seu pai que traria aquela taça para terras brasileiras. Oito anos depois, aquele menino, então com 17 anos, conquista o mundo, e várias suecas, jogando um futebol fora do normal, a taça do mundo era nossa. E com um roteiro melhor que muito filme patrocinado pela ANCINE.
1962: o título era nosso, a seleção tinha Pelé e o anjo das pernas tortas que nunca perderam jogando juntos. Não tinha como não levar o bi, até que Pelé se machuca. Acabou, não dá pra ganhar sem o melhor do mundo. E então entra em campo com a pressão de substituir Pelé, o pouco badalado Amarildo. Ele vira o "possesso", e com Garrincha (que destruiu o futebol científico em dois minutos*) nos guiam até o título com uma história mais dramática que filme iraniano.
1970:  melhor time da história, com completos ídolos em seus clubes e enfrentavam os malvados ingleses. Com um roteiro bem hollywoodiano vencemos aqueles arrogantes que ousaram recusar a água do hospitaleiro povo mexicano, com o México em festa e um futebol espetacular, o tri é nosso.
1982: não é 94, não mesmo. Confira, eu disse glórias, não títulos. Em uma visão completamente diferente da minha de futebol, eu garanto que os brasileiros como um todo trocariam sua quarta estrela por um simples 82 acima do escudo da seleção. Um time que como em 70 reunia craques de grandes clubes brasileiros, mas com uma diferença: esses heróis lutavam contra a ditadura. Sócrates, craque do time, participava de comícios e chegou a fazer parte da "Democracia" nos tempos do condor. Amamos esse time como uma adolescente ama "Harry Potter".
2002: Diziam que 98 havia sido vendido. Uma convulsão sem registros na história do futebol tirou nosso craque da final. E ele pouco tempo depois sofre uma lesão no joelho que segundo muitos iria acabar com sua carreira. Apesar de não gostar de futebol na época, acho que 2002 é bem resumido no dia em que andando com meus país no meio da rua parei para ver a propaganda com Ronaldo e a música "Tente outra vez".
E 2014? Com todo respeito ao gênio Neymar, e a outros bons jogadores da seleção, qual era a história? Um rapaz que nunca teve grandes problemas e era milionário com 14 anos(PELO AMOR DE DEUS, EU NÃO VEJO DEMÉRITO NENHUM NISSO), e outros desconhecidos dos clubes brasileiros, erguendo a taça em casa?
Agora amigos, a história é outra. Nosso craque sofreu uma entrada desleal que o tirou da conquista de seu maior sonho. Fomos completamente humilhados de uma maneira que nenhuma seleção grande nunca havia sido, em casa. A história pro hexa tem tudo pra ser um dos maiores filmes de todos os tempos. Dessa vez eu poderei enfim ser campeão tranquilo.
*Se você gosta de futebol e nunca assistiu aos tais 2 minutos, faça-o o mais rápido possível.

Pelo Menos

De uns tempos para cá eu refleti e tomei para mim duas coisas, bem expressas nessa minha frase "se foder é inerente ao ser humano. Saber rir disso e tirar o lado bom é o que faz a diferença". Fiquei arrasado no 8 de julho, como eu disse, chorei mais que preparador físico do Adriano. Depois disso comecei a rir de algumas ótimas piadas e eu tenho a convicção que quanto a rir de si próprio, só nós e os ingleses temos tamanhas capacidades. Mais um orgulho dos donos do futebol.
Faltava o outro lado, o tal "pelo menos". Pensei bastante, até algumas piadas, reflexões futebolísticas que posso ou não tornar públicas depois, mas o mais importante saiu depois de ouvir um comentário do Paulo Calçade, comentarista da ESPN. Ouvi muito pouco, mas sintetizando, Paulo dizia que no futebol alemão não tinha esquemas, não tinha dinheiro que não se sabia de onde vinha, e daí podemos imaginar o resto.
Um dos pilares de um homem para mim é a convicção. Uma das minhas é que para escrever neste blog, eu iria usar meu mero conhecimento, então lhes privarei de uma informação mais precisa, mas de cabeça é disso que eu lembro: há uns dois meses atrás, o presidente do Bayern de Munique( o novo exemplo de futebol para nossa imprensa), foi afastado de seu cargo por envolvimento com um dinheiro bastante errado. Mas isso não importa, afinal eles ganharam de 7x1 e tudo é perfeito.
Nos programas de esporte eu consigo ouvir na hora que eu quiser que o Felipão errou e cometeu suicídio ao jogar aberto contra a Alemanha. Um canalha desatualizado que fez uma péssima Copa e que deveria saber disso ao enfrentar os alemães. Você também pode ouvir, é só ligar sua televisão. Mas poucos, e eu sou um desses, que conseguem imaginar os mesmos comentaristas, em caso de uma derrota apertada de um Brasil retrancado dizendo: Felipão é um covarde, treinador da seleção brasileira e se comportou como se tivesse treinando seu time de Passo Fundo, era melhor ter aberto o time e levar de sete, dez, mas jogar como o Brasil, manter a dignidade.
Consigo ouvir a mesma situação em relação ao clima criado pelo caso Neymar, que hoje é execrado, já que os jogadores deram foco demais a ausência do gênio ao invés de focar no jogo. Em caso de vitória brasileira( isso sim eu tenho dificuldades de imaginar), a união do grupo para superar as dificuldades seria um exemplo a ser seguido por todos os brasileiros.
Entenderam, né? Se não, me dê qualquer uma dessas listas dos erros do Brasil na Copa e eu te digo como tudo aquilo teria uma outra conotação em caso de outro cenário fora dos 7x1. A Alemanha é perfeita, enquanto a outra finalista da Copa tem problemas graves de gestão, e na minha opinião problemas bem mais graves em relação as torcidas organizadas e a sua federação do que a nossa.
Chegamos na hora do pelo menos. E ele é bom só pra mim, desculpa ter feito você ler até aqui se estivesse querendo um consolo. Eu cheguei na faculdade de Jornalismo absolutamente determinado que meu foco seria trabalhar com política internacional, a ausência de futebol neste blog prova isso. Mas como eu previa, eu gosto demais de futebol, e as oportunidades para falar disso eram tentadoras. Entrei para a equipe esportiva da FACOM, e aquilo parecia cada vez mais uma possibilidade real de trabalho para mim, uma escolha óbvia de unir o útil ao agradável.
Até refletir sobre a imprensa de resultado que iria me empregar. Um grupo que fala mal dos treinadores por seu futebol de resultado, mas não teme em trocar suas convicções por alguns pontos no IBOPE. Uma imprensa na qual comentaristas elogiam até criminosos desde que isso comprove suas opiniões para vender jornal. Lembram que eu disse que um dos pilares de um homem para mim é a convicção? Pois é, a minha agora é de continuar com a geopolítica, já que Iraque e Israel não pararam durante a Copa. Para os muitos amigos que seguirão na profissão, desejo todo sucesso do mundo, sério. Durante a Copa ganhei a alcunha de Filósofo da FACOM, e para honrá-la vou terminar o texto citando um professor que tive: "Menos um concorrente."

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Uma pedra no caminho e outros pitacos

A arma de Putin
Em um dos brilhantes episódios de Simpsons, infelizmente não me lembro qual, Homer parecia em uma situação desfavorável, até que solta a seguinte frase: "Você só não contava com uma coisa: a minha indiferença com a vida humana." E é essa uma das principais armas de Putin no "xadrez" da geopolítica mundial. Enquanto europeus temem a falta de gás, Putin simplesmente ignora sanção após sanção, já que os anseios de sua população claramente não são prioridade. Isso ficou claro há cerca de uma década, quando ele resolveu uma situação na Chechênia ordenando a invasão de uma escola primária. O resultado foi de centenas de crianças mortas, e uma placa, que para o homem forte de Moscou bastou para honrar a vida delas.
É a água?
Depois da fixação com o caso Christie, voltamos com um outro prefeito vizinho, igualmente surreal. Toronto vem tendo dias um tanto quanto inesperados para o Canadá. A grande mobilização na cidade é quanto a não deixar que o atual prefeito se candidate para as eleições desse ano. Até o ano passado, quando ele havia sido flagrado fumando crack apenas uma vez, parecia que estava tudo bem. Mas neste ano, a reincidência deixou os canadenses indignados e parece que ficou ruim para o prefeito. Definitivamente, tinha uma pedra no meio do caminho.
Entre Lula e Putin
Eu costumo voltar minhas atenções para algumas figuras. Nos últimos meses, Erdogan foi uma delas. A narrativa de seu AKP e o PT tem semelhanças impressionantes. Até denuncias de corrupção que ajudaram a motivar manifestações populares. O homem forte da Turquia também tem grandes semelhanças com Lula, a diferença é que seu país permite que ele fique mais tempo no poder, e inclusive que concorra à eleições nesse ano. Mas Erdogan esta aqui pelo seu comportamento "putinesco" na última semana.
Um acidente em uma mina de carvão mata centenas de pessoas no seu país. E não foi o primeiro acidente na mesma mina durante sua gestão. E sua resposta é de que acidentes em minas de carvão são normais e aconteciam na Inglaterra no século XIX.
Criemos então o "Erdoganismo". Segundo ele, a escravidão seria aceitável, já que ela existia em vários países durante o século XIX. Na mesma argumentação, ele disse que os acidentes também aconteciam nos desenvolvidos EUA do século XX. Então vamos negar tudo o que foi conquistado em relação a direitos civis, já que negros deviam ceder lugar aos brancos em ônibus nos mesmos EUA do século XX.
E pra fechar, Erdogan mandou enterrar todos os mortos em uma cerimônia comum. Eu duvido que Homer Simpson ficaria indiferente dessa vez. E se tudo isso não bastou, vale lembrar que ele fechou o Twitter na Turquia.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Assad, o Bruno sírio

Eu tenho uma frase, não é genial nem nada, mas cabe bem aqui. Costumo dizer que não sei se o mundo tem uma mão, mas se tiver, com certeza o Bruno anda na contramão. Estamos falando da fera que em liberdade, chegou na imprensa e perguntou, da mesma forma que alguém pergunta quem nunca comeu Danoninho, quem nunca havia batido na mulher. É tão absurdo que paro por aqui.
Agora que já o apresentei, vamos falar do que realmente deixou o goleiro famoso. Acreditando que poderia perder parte do seu império(algumas granjas no interior de Minas), Bruno resolveu acabar com a vida de Elisa Samudio. Depois, seus capatazes se livraram do cadáver da moça, e o ex-jogador seguiu negando no processo que tivesse qualquer participação no crime.
E agora falando de quem interessa, temos Bashar Al-Assad. Assad também queria proteger seu império, este estava sob ameaça após o estouro da Primavera Árabe, que vinha com a promessa de livrar o Norte da África e o Oriente Médio de seus ditadores. A diferença de Assad para Bruno é que o patrimônio do sírio não é de algumas granjas, e sim de uma das maiores potências da região.
Para mantê-lo, Assad não poupou esforços. Buscou ajuda russa e chinesa para armar seus Macarrões, e mantém por três anos uma guerra civil que já matou entorno de 150 mil pessoas. Milhões de sírios já fugiram para países vizinhos, e inclusive a Turquia já começou a construção de um muro para conter o debandada.
Bruno quando foi preso, disse que iria rir disso tudo e que jogaria a Copa de 2014 no Brasil. E Assad concorre ás "eleições" no próximo mês. Segundo a mídia local, quando indagado sobre o que achava de uma candidatura em meio a guerra civil, teria dito "Que guerra?"
Lembrando sempre que a equipe aguardou a convocação de Felipão, e vale ressaltar que até o momento Bruno não esta nos 23 jogadores que defenderão o Brasil na Copa. Já Assad é o favorito a vencer o pleito local. Teria falhado no que o goleiro?

quinta-feira, 24 de abril de 2014

O SPC russo

Na coluna de hoje, nossa graduada equipe resolveu compactuar com o recente reconhecimento de Valesca Popozuda como expoente da cultura popular, e ficou resolvido que homenagearíamos  o espetacular e genial filósofo moderno Alexandre Pires, que acima de tudo é mineiro. Tentamos relacionar um pouco de sua grande obra com o atual momento crítico entre Rússia e Ucrânia.
Primeiramente, vale ressaltar a ação de Putin na Crimeia, território conquistado sem qualquer intervenção militar significativa, apenas inflamando um teórico espírito russo, em uma região diariamente bombardeada com acusações ao governo provisório, que iam desde supostos posicionamentos nazistas, até ao comunismo. O resultado como sabemos, foi uma eleição com 95% de apoio a adesão à Rússia, em meio a uma população de 15% de tártaros que haviam indicado que votariam contra a anexação. Em outra situação intervencionista, seria algo completamente fácil a contestação das eleições por parte da comunidade internacional, já com nosso Putin "come quieto", valeu tudo isso, e o maior país do mundo cresceu ainda mais.
A estratégia é semelhante a adotada em Donetsk, e pelo que especialistas indicam, Putin quer "botar pra quebrar" até chegar em Odessa. Caso o russo mais mineiro de todos consiga tal feito, praticamente anula todos os esforços da população ucraniana que tentou aderir a União Europeia. Lembrando sempre que a anexação dos tais territórios que buscam se separar é surreal, e não deve acontecer por muitos e muitos anos. Ainda assim, manter praticamente metade do país dos Shevchenkos em sua influência, é uma conquista difícil, e apesar de posicionamentos favoráveis ou contrários, tem de ser reconhecida.
Tudo isso em meio ao governo de Obama, que chega a ser apontado como o mais omisso da história. O chefe de um país que apenas 1/6 de sua população conseguiu localizar a Ucrânia no mapa mundo, e cerca de 80%, segundo algumas pesquisas, são contrários a qualquer intervenção militar no Leste Europeu. Parece que os americanos enfim se cansaram de seus soldados morrendo tão longe por países que eles sequer sabem onde ficam.
Do homem que chegou a aparecer na mídia por conta de uma relação com um leopardo, de fato "não tem como duvidar", e não sabemos até onde o expansionismo saudosista pode chegar. O problema é que tártaros, e todos os outros ucranianos que brigaram tanto para conseguir enfim se afastar da Rússia, e se aproximar da UE, tem muitos motivos pra não achar nada disso "tão maneiro uaí" e muito menos "bom demais".
Queria deixar claro que minha intenção era falar sobre Assad, que indicou que vai participar das próximas eleições da Síria em junho. Mas não tive o sangue frio suficiente para falar do Goleiro Bruno do Síria. Pode ter ficado para a próxima, ou não.

sábado, 22 de março de 2014

1994: o ano que não terminou

A posição da Rússia em relação as outras ex-repúblicas soviéticas preocupa o mundo. O imperialismo do governo, envolto a um saudosismo da recentemente extinta URSS se contrapõe ao resto do Ocidente e quem sofre é a população das agora nações independentes. Enquanto isso um país não ocidental assiste a uma matança indiscriminada, que é levada adiante em grande parte pelo descaso das principais potências.
Este foi 1994. Mas poderia ser 2014, a diferença esta nas proporções, e felizmente não há nenhum Milosevic praticando genocídio ou ruandenses matando 1 milhão de compatriotas em 100 dias. Lembrando disso Sebastopol parece um playground.
Mas nem tudo melhorou tanto. O fato de a China ter sido grande financiadora na tragédia em Ruanda, e ser uma das grandes apoiadoras do atual regime sírio preocupa, e muito, como a 20 anos. A diferença esta na OTAN, que ficou cada vez mais enfraquecida, assistindo a Rússia e aos chineses ficarem cada vez mais poderosos. As atuais crises na Ucrânia e na Síria, com o Ocidente sendo omisso de uma forma poucas vezes demonstrada antes, só prova isso.
O que não mudou, e eu sinceramente quero saber se estarei vivo para ver alguma alteração, é na valorização da vida pelas nações do Ocidente. A matança que em pouco mais de três meses matou tantos quanto 20 anos de homicídios no Brasil, teve a péssima ideia de ocorrer paralelamente a uma crise na Europa. Entretanto, na Síria a guerra já vinha ocorrendo, e matando centenas de milhares, a alguns anos. E enquanto isso, a nem tão longe assim Crimeia teve sua situação aparentemente resolvida, sem nenhuma morte por facão, serra elétrica ou gás sarin. Enfim, Yanukovich saiu, a Crimeia votou em um mês; Assad usou armas químicas e continua a três anos.
Vale lembrar que em 94, na última Copa do Mundo na América quem se deu bem foi o Brasil. Se isso for como há 20 anos atrás, eu não reclamarei. Já quanto ao inchado orçamento que parece ter crescido em proporção a diminuição do número de mortes anteriormente citadas, tem tudo pra ser assunto até 2034.