Mostrando postagens com marcador Copa do Mundo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Copa do Mundo. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Pelo Menos (na bola)

Falar qualquer coisa depois de uma derrota dessas é muito mais fácil. Vou falar de uma, que em meio ao meu otimismo, me preocupava bastante. Pensei em falar antes do jogo contra a Alemanha, mas não deu e agora fica pra cada um acreditar se eu pensava assim, ou não.
Eu não acho que brasileiro gosta tanto de futebol bonito. Pra mim, na seleção, brasileiro gosta é de história. Essa paixão pelo futebol bonito pra mim fica clara que não é tão importante nos clubes em que três títulos brasileiros consecutivos jogando feio valem tanto quanto três encantando o mundo. Mas talvez pela necessidade de vencer seu vizinho de porta, uma história não é tão importante. Vale lembrar que o título de 2009 do Flamengo em que houve a recuperação de um imperador e de uma múmia(eu disse isso antes dele começar a jogar tanto), daria um baita roteiro e foi pouco explorado.
Mas na seleção é diferente, e vamos então para as cinco glórias da canarinho pra exemplificar isso:
1958: depois de perder tragicamente no Maracanã o título de campeão do mundo, um menino de nove anos de idade prometeu a seu pai que traria aquela taça para terras brasileiras. Oito anos depois, aquele menino, então com 17 anos, conquista o mundo, e várias suecas, jogando um futebol fora do normal, a taça do mundo era nossa. E com um roteiro melhor que muito filme patrocinado pela ANCINE.
1962: o título era nosso, a seleção tinha Pelé e o anjo das pernas tortas que nunca perderam jogando juntos. Não tinha como não levar o bi, até que Pelé se machuca. Acabou, não dá pra ganhar sem o melhor do mundo. E então entra em campo com a pressão de substituir Pelé, o pouco badalado Amarildo. Ele vira o "possesso", e com Garrincha (que destruiu o futebol científico em dois minutos*) nos guiam até o título com uma história mais dramática que filme iraniano.
1970:  melhor time da história, com completos ídolos em seus clubes e enfrentavam os malvados ingleses. Com um roteiro bem hollywoodiano vencemos aqueles arrogantes que ousaram recusar a água do hospitaleiro povo mexicano, com o México em festa e um futebol espetacular, o tri é nosso.
1982: não é 94, não mesmo. Confira, eu disse glórias, não títulos. Em uma visão completamente diferente da minha de futebol, eu garanto que os brasileiros como um todo trocariam sua quarta estrela por um simples 82 acima do escudo da seleção. Um time que como em 70 reunia craques de grandes clubes brasileiros, mas com uma diferença: esses heróis lutavam contra a ditadura. Sócrates, craque do time, participava de comícios e chegou a fazer parte da "Democracia" nos tempos do condor. Amamos esse time como uma adolescente ama "Harry Potter".
2002: Diziam que 98 havia sido vendido. Uma convulsão sem registros na história do futebol tirou nosso craque da final. E ele pouco tempo depois sofre uma lesão no joelho que segundo muitos iria acabar com sua carreira. Apesar de não gostar de futebol na época, acho que 2002 é bem resumido no dia em que andando com meus país no meio da rua parei para ver a propaganda com Ronaldo e a música "Tente outra vez".
E 2014? Com todo respeito ao gênio Neymar, e a outros bons jogadores da seleção, qual era a história? Um rapaz que nunca teve grandes problemas e era milionário com 14 anos(PELO AMOR DE DEUS, EU NÃO VEJO DEMÉRITO NENHUM NISSO), e outros desconhecidos dos clubes brasileiros, erguendo a taça em casa?
Agora amigos, a história é outra. Nosso craque sofreu uma entrada desleal que o tirou da conquista de seu maior sonho. Fomos completamente humilhados de uma maneira que nenhuma seleção grande nunca havia sido, em casa. A história pro hexa tem tudo pra ser um dos maiores filmes de todos os tempos. Dessa vez eu poderei enfim ser campeão tranquilo.
*Se você gosta de futebol e nunca assistiu aos tais 2 minutos, faça-o o mais rápido possível.

Pelo Menos

De uns tempos para cá eu refleti e tomei para mim duas coisas, bem expressas nessa minha frase "se foder é inerente ao ser humano. Saber rir disso e tirar o lado bom é o que faz a diferença". Fiquei arrasado no 8 de julho, como eu disse, chorei mais que preparador físico do Adriano. Depois disso comecei a rir de algumas ótimas piadas e eu tenho a convicção que quanto a rir de si próprio, só nós e os ingleses temos tamanhas capacidades. Mais um orgulho dos donos do futebol.
Faltava o outro lado, o tal "pelo menos". Pensei bastante, até algumas piadas, reflexões futebolísticas que posso ou não tornar públicas depois, mas o mais importante saiu depois de ouvir um comentário do Paulo Calçade, comentarista da ESPN. Ouvi muito pouco, mas sintetizando, Paulo dizia que no futebol alemão não tinha esquemas, não tinha dinheiro que não se sabia de onde vinha, e daí podemos imaginar o resto.
Um dos pilares de um homem para mim é a convicção. Uma das minhas é que para escrever neste blog, eu iria usar meu mero conhecimento, então lhes privarei de uma informação mais precisa, mas de cabeça é disso que eu lembro: há uns dois meses atrás, o presidente do Bayern de Munique( o novo exemplo de futebol para nossa imprensa), foi afastado de seu cargo por envolvimento com um dinheiro bastante errado. Mas isso não importa, afinal eles ganharam de 7x1 e tudo é perfeito.
Nos programas de esporte eu consigo ouvir na hora que eu quiser que o Felipão errou e cometeu suicídio ao jogar aberto contra a Alemanha. Um canalha desatualizado que fez uma péssima Copa e que deveria saber disso ao enfrentar os alemães. Você também pode ouvir, é só ligar sua televisão. Mas poucos, e eu sou um desses, que conseguem imaginar os mesmos comentaristas, em caso de uma derrota apertada de um Brasil retrancado dizendo: Felipão é um covarde, treinador da seleção brasileira e se comportou como se tivesse treinando seu time de Passo Fundo, era melhor ter aberto o time e levar de sete, dez, mas jogar como o Brasil, manter a dignidade.
Consigo ouvir a mesma situação em relação ao clima criado pelo caso Neymar, que hoje é execrado, já que os jogadores deram foco demais a ausência do gênio ao invés de focar no jogo. Em caso de vitória brasileira( isso sim eu tenho dificuldades de imaginar), a união do grupo para superar as dificuldades seria um exemplo a ser seguido por todos os brasileiros.
Entenderam, né? Se não, me dê qualquer uma dessas listas dos erros do Brasil na Copa e eu te digo como tudo aquilo teria uma outra conotação em caso de outro cenário fora dos 7x1. A Alemanha é perfeita, enquanto a outra finalista da Copa tem problemas graves de gestão, e na minha opinião problemas bem mais graves em relação as torcidas organizadas e a sua federação do que a nossa.
Chegamos na hora do pelo menos. E ele é bom só pra mim, desculpa ter feito você ler até aqui se estivesse querendo um consolo. Eu cheguei na faculdade de Jornalismo absolutamente determinado que meu foco seria trabalhar com política internacional, a ausência de futebol neste blog prova isso. Mas como eu previa, eu gosto demais de futebol, e as oportunidades para falar disso eram tentadoras. Entrei para a equipe esportiva da FACOM, e aquilo parecia cada vez mais uma possibilidade real de trabalho para mim, uma escolha óbvia de unir o útil ao agradável.
Até refletir sobre a imprensa de resultado que iria me empregar. Um grupo que fala mal dos treinadores por seu futebol de resultado, mas não teme em trocar suas convicções por alguns pontos no IBOPE. Uma imprensa na qual comentaristas elogiam até criminosos desde que isso comprove suas opiniões para vender jornal. Lembram que eu disse que um dos pilares de um homem para mim é a convicção? Pois é, a minha agora é de continuar com a geopolítica, já que Iraque e Israel não pararam durante a Copa. Para os muitos amigos que seguirão na profissão, desejo todo sucesso do mundo, sério. Durante a Copa ganhei a alcunha de Filósofo da FACOM, e para honrá-la vou terminar o texto citando um professor que tive: "Menos um concorrente."

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

O Massacre sem Serra

Toda revolução deixa vítimas. Embora não tenhamos cortado a cabeça de nenhum czar, nem levado ninguém para a guilhotina, muito menos derramado o sangue de milhares de rebeldes como vêm acontecendo na Síria, perdemos muito com a "Primavera Brasileira" de Junho.
Primeiro os "ganhos": a PEC 37 não foi aprovada, o que naqueles tempos seria praticamente dizer em público que a política brasileira não tem nada com sua população. E mais recentemente, segundo alguns, nossa "revolução" fez com que os "mensaleiros" fossem condenados. Alguns senhores na casa dos 60, irem para a cadeia, com uma série de regalias, inclusive a possibilidade de um deles trabalhar como gerente de hotel com um salário girando 20 mil reais. Este foi o prêmio da população por ir as ruas.
Agora o verdadeiro impacto: a prisão destes senhores mostrou, faltando um ano para as eleições, que o Brasil sofreu um processo, muito bem denominado por alguns como os "militantes torcedores". São aqueles que não importa qual acusação, ou condenação dos membros de seu partido, eles irão os defender em qualquer caso. Vimos isso com os "mensaleiros", e provavelmente veremos isso nas urnas no ano que vêm, com os mesmos senhores, apesar de qualquer escândalo, conseguindo sua reeleição.
Além disso, constatamos outra coisa com tal prisão. Imprensa imparcial é privilégio de país desenvolvido. A capa da Carta Capital, na qual o Mensalão aparece como algo sem a menor importância, enquanto a extinção de espécies(com uma perereca como foto principal), simplesmente esmaga qualquer possibilidade de jornalismo neste país. Em contrapartida, a "rival" Veja, só faltou antecipar a capa de final de ano, e encher a publicação de fogos de artificio para a condenação.
Mas agora vamos para as vitimas de nossa revolução: a intenção de mudar, e a mais triste, a esperança de uma população. A primeira é simples, durante as duas semanas de protestos de nossa primavera, a insatisfação e vontade de transformar o país, eram tão latentes, que sequer era possível nomear as principais reivindicações. No entanto parecia que todos sabiam que aquilo era apenas o começo para o que viria depois. A mudança estava chegando.
Com quem você conversasse a ideia era esta. O Brasil começava a mudar sua história, de ali em diante, não seríamos mais explorados, teríamos os serviços que gostaríamos, e tudo aquilo que pedimos. Ouviriam tudo ( até o cidadão que levou cartaz com os dizeres: "Eu gosto de bacon!") Enfim, era uma nova era.
Mas as forças leais ao governo, derrubaram a população. E nem precisaram de armas para isto, já que as mal equipadas polícias dificilmente conseguiriam tal feito. Deram o que a população queria na hora, e o resto ficou por conta dela. Acharam mais interessante voltar para o Facebook, para procurar um líder e o que buscar, e ai morreu a vontade de lutar.
A esperança durou pouco depois disso. Aqueles que acreditavam que na Copa do Mundo, o mundo iria ver a mudança na frente de seus olhos, já estão mais otimistas com o Hexa do que com tal mudança. Acreditar que as coisas vão melhorar virou condição de alguns, e isto faltando tão pouco para chegarem as eleições que poderiam ser diferentes de todas. Faltando tão pouco, já se sabe até quem deve ir para o segundo turno, sem nenhuma mudança. O fim de qualquer suspiro de nossa esperança. Ir para a rua feriu e matou muita gente. Mas pra sorte do governo, só eles viram e sabem disso.