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sexta-feira, 2 de setembro de 2016

SanFran, a Eton do Brasil: Fica de olho, Putin

Semana bastante agitada no cenário mundial: visita de Trump ao México, Erdogan reforçando suas restrições à liberdade, protestos colossais na Venezuela, acordo de paz na Colômbia colocando fim a 52 anos de conflito, e claro, o momento final do processo de impeachment de Dilma Rousseff. No meio desta turbulência, uma viagem de 11 garotos da elite do Reino Unido ter grande repercussão pode surpreender a muitos, mas é compreensível.

Primeiro que o grupo visitou a Rússia para se encontrar com ninguém menos que Putin, apontado por muitos como o homem mais poderoso do mundo e que vem de grandes vitórias no xadrez da geopolítica. A reunião dos 11 jovens foi justamente para tratar do assunto, o que logo leva a se querer entender quais as reais intenções do presidente russo ao receber os abastados no Kremlin.

Os 11 são alunos de Eton, a principal escola do Reino Unido, e até hoje, provavelmente a instituição de ensino mais elitista do mundo. Formados em Eton são 19 primeiros-ministros da história do Reino Unido, de um total de 54, desde 1721. O homem que liderou os britânicos durante o Brexit, David Cameron, é um destes 19, e com a derrota para os que pediam a saída junto à União Europeia, se viu obrigado a renunciar a o cargo. O principal nome da liderança que pedia o Brexit, era Boris Johnson, também formado em Eton e que nunca foi um grande entusiasta da saída, mas via nela uma possibilidade de ascender dentro dos conservadores e se tornar o vigésimo chefe de governo britânico formado na instituição. Deu errado por uma série de jogadas internas, mas hoje Johnson ocupa o cargo de Ministro das Relações Exteriores, nada desprezível no país que já contou com o mais vasto império da história.

Bom, é difícil duvidar que Putin não tenha aceitado o convite de se reunir com um dos futuros primeiros-ministros do país. Pelo mundo circulou a mensagem, dotada de ironia, ou não, de que o presidente russo teria encontrado ali o vigésimo chefe de governo britânico formado pela escola de elite, para daqui vinte e cinco anos, quando Putin ainda estaria no poder (duvida?).

Enquanto isso, com menos alarde para sua formação, uma universidade de Direito emplacava seu décimo-terceiro presidente em um país que apesar das muitas divergências sobre o número, teve 37 pessoas no cargo desde 1889. É Michel Temer, empossado oficialmente como presidente do Brasil, e mais um dos formados pela Faculdade do Largo do São Francisco da USP, a chamada SanFran.

Verdade que os tempos são outros. Boa parte dos presidentes formados na SanFran assumiram o cargo durante o período chamado da Política do Café-com-Leite, quando oligarcas de São Paulo e Minas Gerais se revezavam no cargo. Do outro lado do Atlântico, as elites britânicas não têm a mesma força, vide a sensacional história de Sadiq Khan, o filho de motorista de ônibus paquistanês, que derrotou Goldsmith, formado em Eton e herdeiro de uma fortuna forjada no sistema bancário. Khan assumiu a prefeitura de Londres, o terceiro maior cargo personalista da Europa Ocidental.

O interessante é que sem o mesmo alarde, nem visitando Putin, a porcentagem de formados na SanFran que ocuparam o cargo máximo do executivo de seu país, tem um empate técnico quando comparada com Eton: 35% nos dois casos. Sendo mais específico, 35,18% no caso da escola britânica e 35,13% na faculdade de Direito. Ou seja, pelo menos nos números, a chance de um dos presidentes do Brasil ter estudado na SanFran é a mesma de um britânico que frequentou Eton assumir o posto máximo na Casa do Comuns.

A questão é que no caso brasileiro, não há tanto alarde. A notícia de que Temer era o décimo-terceiro presidente do país formado no Largo do São Francisco repercutiu pouco além das chamadas Arcadas, como são conhecidas as estruturas da faculdade. Por sua vez, existem diversos relatos sobre a influência de Eton no Reino Unido, sendo algo sempre divulgado sobre alguém quando este tenha ascendido no cenário britânico.

O ranço de tanto elitismo foi fundamental na obra de George Orwell, que frequentou Eton sem nunca se sentir ambientado, por seus pais não possuírem tantas posses quanto os dos colegas. Neste momento há um grande debate na USP sobre a questão das cotas raciais. É sonhar muito pensar que nosso Nobel de Literatura possa de um cenário como este, mas fica a esperança. Já um dos próximos presidentes, é quase certo. Fica de olho, Putin.

Já pensou voltar pra SanFran com uma selfie com "ele"? Foto: Getty Images

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Enquanto os russos não competem...

Em meados de 2015, a situação era complicada para o regime de Bashar Al-Assad na Síria. As mais diversas frentes de oposição, que incluem desde o Exército Livre da Síria, até grupos terroristas como a Frente Al Nusra e o Grupo Estado Islâmico ganhavam território, e a saída do ditador, para alguns, se daria em questão de tempo. Assad fora do poder seria um duro golpe para os russos, um dos seus principais aliados, além de ser uma grande vitória para o Ocidente e seus parceiros regionais, em especial turcos e sauditas, que sempre apoiaram a oposição a Assad.

Mas em dado momento os ventos começaram a soprar em favor do ditador sírio. A Rússia coordenou uma grande ação militar no país, contestada no exterior, que visava os grupos considerados terroristas, o que para russos e sírios engloba alguns dos apoiados por ocidentais, turcos, sauditas e catarís na Síria. O dia 13 de novembro, marcado pelos atentados do Grupo Estado Islâmico em Paris mudou a prioridade do Ocidente para a guerra civil síria, já que a partir do momento em que este se sentiu atacado, Assad, assim como Stálin na Segunda Guerra, passou a ser visto como um mal menor que os jihadistas, ou na analogia, os nazistas. A Rússia se retirou da Síria após seis meses de ação com grande êxito. Praticamente todos os grupos de oposição sofreram enormes perdas, e o regime conseguiu recuperar boa parte de seu território de antes da guerra. Na cena internacional, Assad começou a ser visto como um mal necessário, com o Ocidente cada vez mais omisso sobre seu governo.

No fim de 2015 o Reino Unido fazia parte da União Europeia; Trump não era visto como um candidato real à presidência dos EUA; Rússia e Turquia haviam rompido relações, se temendo até mesmo um conflito; e Erdogan apesar de criticado, tinha legitimidade na Turquia. Ocorreu o Brexit, uma das maiores derrotas pós-guerra fria para o Ocidente; Trump tem grandes chances de chegar à Casa Branca; Erdogan reconheceu que errou ao abater um avião russo e se aproximou de Putin; a Turquia sofreu uma tentativa de golpe militar, seguida de uma reação extremamente autoritária de Erdogan que foi criticada pela União Europeia.

A posição em que se encontra a Turquia sempre lhe proporcionou grande cobiça de potências e relações bastante complexas, afinal de contas não é fácil ser a chamada ponte entre a Ásia e a Europa. Os turcos são membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), e inimigos, por exemplo, dos armênios, o que lhes faz apoiar o Azerbaijão no conflito de Nagorno-Karabach. Por sua vez, a proximidade com a Rússia sempre propiciou uma relação benéfica entre os dois países, que até as tensões do último ano, compartilhavam projetos juntos, como um gasoduto e uma usina nuclear, que devem ser retomados. Como legado da Guerra Fria, os russos são grandes adversários da OTAN, além de serem os maiores parceiros da Armênia.

A Turquia sofreu enormes perdas com o corte de relações com a Rússia, após o abatimento do avião militar russo no ano passado, o que matou duas pessoas. Os danos financeiros foram importantes, já que o comércio entre os dois países caiu 43%, e o fluxo de turistas russos para a Turquia, vital para a economia turca, teve queda de 93%. Mas além disso, governo de Erdogan ficou exposto, por conta da retaliação russa de denunciar as ligações dos turcos com o contrabando de petróleo do Grupo Estado Islâmico, algo que já se suspeitava há tempos sem grandes provas concretas. O pedido de desculpas turco veio logo após a inesperada saída do Reino Unido junto à União Europeia, um dos momentos de maior fragilidade do bloco que a Turquia sempre desejou entrar.

Tão oportuno para os turcos quanto, foi o momento escolhido por Erdogan para restabelecer formalmente as relações com Putin. A visita à São Petersburgo foi a primeira do presidente turco após a tentativa de golpe, e ocorreu com Erdogan sempre ressaltando a solidariedade incondicional que Putin prestou após o evento. O gesto é uma demonstração clara de crítica à postura dos membros da OTAN, EUA e União Europeia, que desagradou Erdogan. Os EUA sequer cogitam extraditar Fethullah Gullen, turco que reside na Pensilvânia e que é junto de seu movimento acusado por Erdogan de ter orquestrado o golpe no país. Por sua vez, a União Europeia criticou duramente as prisões e demissões de diversos grupos, parte atrelada ao gulenismo, ou simplesmente opositores ao atual governo turco. O episódio distancia a Turquia dos requisitos mínimos democráticos para entrar no bloco.

Por sua vez, Donald Trump declarou o que é um receio de muitos países da OTAN desde o fim da Guerra Fria: os EUA não estão mais tão engajados com a aliança, que tinha uma oposição clara aos soviéticos quando foi criada. Mas o candidato republicano foi além, e disse que em caso de invasão de um país membro, não se sentiria pressionado em seguir a cláusula básica do tratado que prevê que nestas situações todos devem enviar tropas para auxiliar o aliado violado. O gesto foi visto como uma clara falta de compromisso com uma proposta do século XX de validade duvidosa no mutável século XXI.

Depois da falta de compromisso do maior contingente da OTAN, muitos no país com o segundo maior número de militares da organização passaram a enxergar a aliança como uma amarra. Em alusão ao Brexit, o Turkexit passou a ser visto como uma opção, já que não vincularia a Turquia a gastos e compromissos de pouco custo-benefício, e que lhe restringe grandes oportunidades em um país extremamente estratégico. Uma dessas possibilidades é justamente a Organização da Cooperação de Xangai, que além da China, conta com a Rússia de Putin, próxima geograficamente e agora em relações com a Turquia.

A saída do segundo país mais rico, e que por conta de suas peculiaridades, representava uma das maiores vitórias do projeto europeu, foi um duríssimo golpe para a União Europeia e o Ocidente que vão demorar a se adaptar a esta. A saída da segunda maior força militar da OTAN, e por se tratar do país mais distinto da aliança em diversos aspectos, seja o continente ou a religião, seria dramática para o Ocidente. O Brexit foi uma vitória clara para Putin, que vinha há tempos disputando com a União Europeia a zona de influência ao Leste da Europa, chegando ao ápice das tensões na Ucrânia. A saída da Turquia seria uma vitória ainda mais importante para o homem de Moscou, que veria uma OTAN esfacelada, e de quebra provavelmente ganharia um dos aliados mais importantes do mundo.


Apesar do que o clima olímpico e o escândalo de doping podem apontar, Putin não tem do que reclamar. Além da colossal crise do Ocidente proporcionada pelos próprios ocidentais, a reunião com Erdogan representou mais uma vitória, na própria Síria. A Turquia passou a ter uma posição bem mais branda sobre a saída de Assad, priorizando um cessar fogo no país, em postura semelhante a do Ocidente após o 13 de novembro. A situação antagônica para os curdos no país foi pouco discutida, e o conflito de Nagorno-Karabach, que renasceu em abril quando os dois países estavam afastados foi excluído da conversa. Mas a julgar pelo momento de Putin, curdos e armênios, os lados apoiados pela Rússia nos dois casos, têm ótimas perspectivas.




(FOTO: AP)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Devaneios de Férias

Em uma das coisas mais ridículas e contraditórias dos últimos tempos, o primeiro ministro de Israel aparece em uma propaganda para as eleições como uma babá.  Benjamin Netanyahu convence um casal de que seu Likud é a melhor opção nas eleições para cuidar de seus filhos (que não são árabes, claro). Pior do que alguém que recusa o diálogo com palestinos, e apoia a construção de assentamentos em territórios não israelenses aparecendo como babá, só o trocadilho “Bibisitter”, já que Bibi é um apelido para Benjamin. 
Depois de um minuto de mediocridade no vídeo, resolvemos tirar proveito. E imaginamos como seriam alguns dos líderes mundiais tomando conta de creches.
Bibisitter: Olha que belo castelo de Lego esse palestino fez, seria uma pena se eu mandasse um israelense construir em cima dele...
Barack Obama:
-Vamos brincar de pique pega.
-Não dá, a maioria republicana não quer.
-Vamos lanchar.
-Eles querem dormir.
-Vamos dormir.
-Eles falaram que só se você acabar com o Obama Care.
-Certo, vamos esperar 2016.
Peña Nieto:
-Tio, os traficantes de chiclete fizeram uma milícia e comandam a sala toda. Batem, roubam e cobram uma mesada de cada um.
-Isso é responsabilidade de cada setor da sala. Eu modernizei os vídeo games. Investi na infraestrutura do parquinho...
-Mas tio, os próprios chefes dos setores recebem comissões dos traficantes.
-Infelizmente fico de mãos atadas...
-Já me cansei!
-Eu, como presidente da creche, declaro que o problema está resolvido: hora da soneca.
Rei Salman:
-Majestade, tem uma menina que só reclama, fala uns absurdos sobre direitos.
-O que o Abdullah faria?
-De 50 a 100 chibatadas, dependia do humor dele.
-Mas e a comunidade internacional? Não reclamam das nossas leis?
-Reclamar reclamam. Mas sanção é só para o Irã. Somos fundamentalistas democráticos e chamaram o Abdullah até de progressista quando ele morreu.
-Ocidentais...
Al-Sisi:
 -Tio quero biscoito.
-Você é da Irmandade Muçulmana?
-Não.
-Planejou algum golpe contra o governo nos últimos quatro anos?
-Não, só quero um biscoito.
-Alguém da sua família é da Irmandade Muçulmana?
-Não.
-Certo, mas a mesada dos EUA atrasou e não tem biscoito.
Nicolás Maduro:
-Eu, assim como Chávez e Bolívar, amo vocês crianças. Bastaram 20 fraldas e vocês não ficam reclamando de falta de papel higiênico como os adultos. Ingratos.
-Tio, a gente tá com fome.
-Isso é o que o imperialismo quer que vocês pensem. A fome é uma invenção ianque para tentar desestabilizar a paz na nossa próspera Venezuela.
-Mas tio, todo mundo tá chorando de fome.
-Ok, vamos no Mc Donald’s.
Vladmir Putin: Como assim não tem leite, biscoito e brinquedos? Vocês não estão satisfeitos? Então vejam o que essa amiga vodka não faz... (Ele fez isso http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,russia-baixa-o-preco-da-vodca-enquanto-sobe-o-de-produtos-basicos,1628427 )
Na Chechênia: Como assim não tem leite, biscoito e brinquedos? Vocês não estão satisfeitos? Então vejam o que esse amigo sarin não faz...
Kristina Kischner: A brincadeira hoje é Detetive.
Alberto, você resolveu muito rápido esse caso. Seria uma pena se acontecesse um acidente...
Dilma Rousseff: 19:00 Lula diz que ela é incapaz de cuidar sozinha de uma criança.
19:30 Gracinha Foster e Cerveró chegam para ajudar.
19:31 Aterrorizada, a criança não para de chorar.
21:00 Apagão. Com medo do escuro e com as imagens na cabeça, o choro é insuportável.
21:30 O choro para após um discurso de Dilma sobre a crise hídrica e desperdício.
21:35 Com a pressão por conta do desvio de biscoitos, Gracinha pede as contas.
22:00 Dilma vê que a tarefa é mais difícil do que parecia e resolve criar o Ministério do Cuidado com a Criança. Inspirada na nomeação de Kátia Abreu para a Agricultura, Nardoni assume o cargo.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Uma pedra no caminho e outros pitacos

A arma de Putin
Em um dos brilhantes episódios de Simpsons, infelizmente não me lembro qual, Homer parecia em uma situação desfavorável, até que solta a seguinte frase: "Você só não contava com uma coisa: a minha indiferença com a vida humana." E é essa uma das principais armas de Putin no "xadrez" da geopolítica mundial. Enquanto europeus temem a falta de gás, Putin simplesmente ignora sanção após sanção, já que os anseios de sua população claramente não são prioridade. Isso ficou claro há cerca de uma década, quando ele resolveu uma situação na Chechênia ordenando a invasão de uma escola primária. O resultado foi de centenas de crianças mortas, e uma placa, que para o homem forte de Moscou bastou para honrar a vida delas.
É a água?
Depois da fixação com o caso Christie, voltamos com um outro prefeito vizinho, igualmente surreal. Toronto vem tendo dias um tanto quanto inesperados para o Canadá. A grande mobilização na cidade é quanto a não deixar que o atual prefeito se candidate para as eleições desse ano. Até o ano passado, quando ele havia sido flagrado fumando crack apenas uma vez, parecia que estava tudo bem. Mas neste ano, a reincidência deixou os canadenses indignados e parece que ficou ruim para o prefeito. Definitivamente, tinha uma pedra no meio do caminho.
Entre Lula e Putin
Eu costumo voltar minhas atenções para algumas figuras. Nos últimos meses, Erdogan foi uma delas. A narrativa de seu AKP e o PT tem semelhanças impressionantes. Até denuncias de corrupção que ajudaram a motivar manifestações populares. O homem forte da Turquia também tem grandes semelhanças com Lula, a diferença é que seu país permite que ele fique mais tempo no poder, e inclusive que concorra à eleições nesse ano. Mas Erdogan esta aqui pelo seu comportamento "putinesco" na última semana.
Um acidente em uma mina de carvão mata centenas de pessoas no seu país. E não foi o primeiro acidente na mesma mina durante sua gestão. E sua resposta é de que acidentes em minas de carvão são normais e aconteciam na Inglaterra no século XIX.
Criemos então o "Erdoganismo". Segundo ele, a escravidão seria aceitável, já que ela existia em vários países durante o século XIX. Na mesma argumentação, ele disse que os acidentes também aconteciam nos desenvolvidos EUA do século XX. Então vamos negar tudo o que foi conquistado em relação a direitos civis, já que negros deviam ceder lugar aos brancos em ônibus nos mesmos EUA do século XX.
E pra fechar, Erdogan mandou enterrar todos os mortos em uma cerimônia comum. Eu duvido que Homer Simpson ficaria indiferente dessa vez. E se tudo isso não bastou, vale lembrar que ele fechou o Twitter na Turquia.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

O SPC russo

Na coluna de hoje, nossa graduada equipe resolveu compactuar com o recente reconhecimento de Valesca Popozuda como expoente da cultura popular, e ficou resolvido que homenagearíamos  o espetacular e genial filósofo moderno Alexandre Pires, que acima de tudo é mineiro. Tentamos relacionar um pouco de sua grande obra com o atual momento crítico entre Rússia e Ucrânia.
Primeiramente, vale ressaltar a ação de Putin na Crimeia, território conquistado sem qualquer intervenção militar significativa, apenas inflamando um teórico espírito russo, em uma região diariamente bombardeada com acusações ao governo provisório, que iam desde supostos posicionamentos nazistas, até ao comunismo. O resultado como sabemos, foi uma eleição com 95% de apoio a adesão à Rússia, em meio a uma população de 15% de tártaros que haviam indicado que votariam contra a anexação. Em outra situação intervencionista, seria algo completamente fácil a contestação das eleições por parte da comunidade internacional, já com nosso Putin "come quieto", valeu tudo isso, e o maior país do mundo cresceu ainda mais.
A estratégia é semelhante a adotada em Donetsk, e pelo que especialistas indicam, Putin quer "botar pra quebrar" até chegar em Odessa. Caso o russo mais mineiro de todos consiga tal feito, praticamente anula todos os esforços da população ucraniana que tentou aderir a União Europeia. Lembrando sempre que a anexação dos tais territórios que buscam se separar é surreal, e não deve acontecer por muitos e muitos anos. Ainda assim, manter praticamente metade do país dos Shevchenkos em sua influência, é uma conquista difícil, e apesar de posicionamentos favoráveis ou contrários, tem de ser reconhecida.
Tudo isso em meio ao governo de Obama, que chega a ser apontado como o mais omisso da história. O chefe de um país que apenas 1/6 de sua população conseguiu localizar a Ucrânia no mapa mundo, e cerca de 80%, segundo algumas pesquisas, são contrários a qualquer intervenção militar no Leste Europeu. Parece que os americanos enfim se cansaram de seus soldados morrendo tão longe por países que eles sequer sabem onde ficam.
Do homem que chegou a aparecer na mídia por conta de uma relação com um leopardo, de fato "não tem como duvidar", e não sabemos até onde o expansionismo saudosista pode chegar. O problema é que tártaros, e todos os outros ucranianos que brigaram tanto para conseguir enfim se afastar da Rússia, e se aproximar da UE, tem muitos motivos pra não achar nada disso "tão maneiro uaí" e muito menos "bom demais".
Queria deixar claro que minha intenção era falar sobre Assad, que indicou que vai participar das próximas eleições da Síria em junho. Mas não tive o sangue frio suficiente para falar do Goleiro Bruno do Síria. Pode ter ficado para a próxima, ou não.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Dois Trapalhões e outros pitacos

Caso Christie
Quem me conhece sabe o quanto eu fiquei perplexo com a mulher que recentemente levou uma "porco-espinhada" na cabeça. Eu me imaginei andando na rua e de uma hora para a outra tem mais de 150 espinhos no meu corpo. Mas o ser humano consegue se superar e quem acompanhou o noticiário nas últimas semanas viu o que o cidadão Chris Christie conseguiu fazer: governador de Nova Jersey e membro do partido republicano Christie queria apoio democrata nas últimas eleições. Quando teve o apoio negado pelo prefeito de Fort Lee o governador simplesmente resolveu bloquear o tráfego na principal via de acesso da cidade, uma ponte que segundo especialistas é a mais movimentada do mundo. Por puro "chilique" como uma criança muito mimada, uma das principais figuras dos republicanos para as eleições de 2016 ficará sem o cargo de presidente. Já que apenas uma trapalhada do Tea Party pode tirar o partido do poder. Além disso responde por processo de 6 pessoas que sofreram danos com o fechamento da ponte, e há até mesmo o risco de perder o cargo como governador. Nada se compara com o Padre do Balão que perdeu a vida daquela maneira, mas o suicídio político de Christie entra no mesmo ramo.
Sochi
Não sei o que foi pior escolhido para essas Olimpíadas de Inverno, se foi o momento ou o lugar. Os dois são péssimos diga-se de passagem, e as recentes promessas de ataques terroristas só reforçam o fato. Com possibilidade de boicote, Putin, eleito o homem mais poderoso do mundo no ano passado, não vai deixar que as ameaças separatistas ditem as regras no evento. E Putin já mostrou que não negocia quando ordenou o ataque que matou centenas de crianças na Chechênia há alguns anos. A repressão durante o evento será imensa o que pode enfraquecer a política russa no cenário internacional e levar a reações nas complicadas Síria e Ucrânia. E caso as promessas sejam cumpridas poderemos ter uma nova Munique em 72, no entanto com aviso prévio.
Primavera Árabe 
Completamos nesse mês três anos do inicio do movimento. No Egito o saldo é de duas deposições e dezenas de milhares de mortos. Na Síria centenas de milhares na mesma situação, milhões de refugiados e Assad candidato à reeleição. Mas vamos olhar para o copo meio cheio. E o melhor ficou com os EUA, que parece que Vietnãs e Iraques depois entendeu que não precisa de mandar soldados para a morte em outros países. O petróleo vai continuar chegando do mesmo jeito, aliados aos sauditas ou até mesmo ao Irã. Mas é mais interessante manter os americanos consumindo os bens produzidos do que matando civis inocentes a milhares de quilômetros de distância. Obama foi omisso na Síria, mas acertou e muito mantendo os americanos na América.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

O Papa é Pop

Não costumo dar muita atenção para eleições de revistas. No entanto, duas recentes, uma feita pela "Forbes", e uma pela "Time" nos ajudam a entender o mundo. E "Hollywood" também.
Não sei se você sabe: o papa Chico foi eleito o "homem do ano" pela "Time", e Putin eleito o homem mais poderoso do mundo pela "Forbes". Isso mesmo, Obama não detém mais o posto segundo a edição. E o que isso tem a ver com "Hollywood"?
Uma coisa você já deve ter notado. O cinema está inovando menos. Cada vez mais a aposta é em clichês e continuações, o que é facilmente visto em "Velozes e Furiosos 7" e os anuais filmes dos heróis da Marvel. No entanto isso têm uma outra explicação além da falta de criatividade. A postura americana após a crise de 2008.
Cautela virou a palavra chave em território norte americano. E assim investir em sucesso de público garantido, mesmo que isso não agradasse a crítica, passou a ser a opção. E isso também foi verificado no política externa de Obama. Quando muitos esperavam uma intervenção na Síria, com o intuito de acabar com os horrores propagados no Ocidente cometidos pelo regime de Assad, Obama recuou. Foi cauteloso quanto a mais uma intervenção, lembrando do que já havia acontecido no Afeganistão e no Iraque.
E é ai que aparece Putin. Sem preocupação com a opinião pública, o russo continuou na defesa do regime, mesmo que isso gerasse um mal estar com o Ocidente. Mal estar que acabou por ocorrer nas últimas semanas com a questão ucraniana. Em um mundo que os maiores detentores do poder estão com receio, o flanco atirador do Leste Europeu fez por merecer o posto de homem mais poderoso.
E é nesse cenário que aparece o simpático Chico. Latino, com um discurso menos conservador foi conseguindo abrir um pouco mais as concepções da Igreja que pareciam irredutíveis com o último papa. Embora com um discurso em partes um pouco clichê, como a condenação da miséria, Chico vai conseguindo aos poucos reaver o apoio perdido. Mesclando uma cautela americana com uma ousadia russa. Ou para nós, um jeitinho brasileiro.