Mesmo com toda a neve que cobre o país há dias, a
preocupação dos israelenses é total com o próximo dia 17. Em uma jogada
política, o Likud, partido do poder, antecipou as eleições para o parlamento,
ou Knesset, e o resultado pode mudar drasticamente as negociações de paz com os
palestinos.
Como mostrou um recente levantamento, o governo de
Benjamin Netanyahu pouco fez pelo diálogo com os árabes, e ano após ano o
número de assentamentos em território considerado palestino pela comunidade
internacional que foram autorizados, só cresceu, chegando a um recorde em 2014.
O resultado foi um país ainda mais distante de uma solução, e a escalada da
violência de radicais palestinos.
A preocupação de Netanyahu com o Irã é muito maior do que a
intenção de resolver os problemas em seu país, e o líder do Likud não esconde
isso. Caso seu partido consiga uma coalizão com maioria das 120 cadeiras do
Knesset, o resultado deve ser mais quatro anos de intervenções em Gaza,
assentamentos ilegais e pouca evolução nas conversas, exatamente o que
estamos presenciando.
Por outro lado há a oposição de centro-esquerda, liderada
pelo Partido Trabalhista e que teria como líderes Herzog e Livni. Os dois
adotam há algum tempo um discurso focado na importância das negociações de paz
e tem relações muito melhores com a Autoridade Palestina do que o atual
governo, incluindo uma visita de Herzog á sede do governo da AP em Ramalá.
As relações de Netanyahu com o Ocidente vão de mal a pior,
sendo criticado inclusive por veículos pró-Israel como o Le Figaro. Com Obama,
as coisas só pioraram depois que o governante, apoiado pelos republicanos, fez
um discurso no congresso americano contra o programa nuclear iraniano.
Os israelenses tem no dia 17 a opção de escolher o que
querem para seu futuro. Pena que do outro lado do conflito, jovens como Jihad
al-Jaafari de 19 anos, que segundo a agência Ma’an, foi morto ontem pelo exército israelense, não tenham
tantas opções.