Não quis escrever
sobre Israel e Hamas nos últimos dias pelo simples fato de que praticamente
tudo o que é escrito ou dito sobre o conflito é leviano. Quando há alguma
posição concreta normalmente é de um caráter antissionista nem um pouco velado.
O que me motivou foi o posicionamento do governo brasileiro, que não tem outra
atribuição a não ser: pífio.
Segundo as
declarações brasileiras, a impressão é a de que o conflito é um mero massacre
gratuito de palestinos em Gaza. O repúdio ao fato de crianças estarem morrendo
é justo, e espero que seja a sensação de todos os brasileiros. No entanto a
visão unilateral do conflito não ajuda em nada para que tenhamos enfim o
sonhado cessar fogo.
O conflito ocorrendo
em Gaza não é entre Palestina e Israel. O conflito é entre o Hamas e Israel. A
Autoridade Palestina é neutra na situação e a favor de um cessar fogo imediato.
Os EUA, tradicionais aliados de Israel são a favor de um cessar fogo. A ONU, a UE
e qualquer outra entidade com um mínimo de bom senso é a favor de um cessar
fogo imediato.
A questão não é se a pessoa acredita no Priorado de Sião, se é a favor da criação do
Estado da Palestina, se acredita que judeus merecem o território após o
Holocausto, nem nada disso. É o simples bom senso de parar uma ofensiva militar
que vai matando cada vez mais inocentes, e algo que parece ser muito difícil
para o governo brasileiro: se opor a um grupo terrorista que recusa um acordo
de paz.
A declaração de que
o Brasil é um “anão diplomático” foi absolutamente lamentável. O Burundi não
deve ser considerado um país sem representação diplomática. A questão é que a
manifestação brasileira não contribui em nada com o fim do conflito, e apenas
embasa os argumentos terroristas de rejeitar um cessar fogo por conta da
ofensiva de Israel.
Se há um lado
positivo é que embasando a causa do Hamas, o Brasil se opõe aos interesses de
Assad, que após uma traição do grupo terrorista, passou a ser um dos maiores
inimigos destes. Quanto ao resto do conflito, acredito que os noticiários são
suficientes para mostrar que qualquer posição além de um cessar fogo é um absurdo.
Na manifestação do
governo brasileiro há uma posição de acabar com o conflito, a questão criticada
por Israel é que o Hamas foi absolutamente ignorado, assim como qualquer outro
grupo terrorista. O que reflete que sim, a política brasileira foi anã. Não sei
se por desconhecimento ou por interesse, mas o erro ocorreu. Tomara que em
contrapartida a decisão “anã” na seleção brasileira tenha sido um acerto.