É óbvio
que o que vou tentar fazer aqui é impossível de ser algo exato e levado como
uma verdade incontestável, por um motivo muito simples: futebol não é
geopolítica, muito menos economia e os times brasileiros são bons exemplos
disso. Ainda assim, acredito que esse tipo de comparação tende a ser válida
para tornar termos complexos mais palpáveis ao cotidiano. O que estará em
questão aqui é a avaliação dos mercados para as 20 maiores economias do mundo
nos últimos anos, sem necessariamente levar em conta o tamanho do PIB ou a
importância do país.
O Brasil
seria como o Fluminense, fez algumas escolhas controversas, com aviso prévio de
boa parte da mídia. Essas acabaram criando conflitos internos, culminando em
resultados ruins que só acirraram os ânimos de todos e geraram ainda mais
desconfiança. Seria um time de meio de tabela caso não fosse a apresentação de
um relatório deficitário nas contas públicas, e como muitos sonham no futebol,
o mercado acabou agindo como um fair play
financeiro, tirando boa parte da confiança no Brasil e colocando o país
próximo da zona de rebaixamento. Os dois tem um problema claro de estrutura, já
que o Fluminense não tem uma defesa confiável desde quando Thiago Silva era do
clube, e o Brasil, apesar do crescimento, nunca fez os investimentos
necessários em infraestrutura, o que nesses tempos de crise se mostrou um
grande equívoco. A situação é muito ruim, mas vale lembrar que ainda se trata
da elite econômica global e que já superamos adversidades maiores, não vamos
sequer precisar de viradas de mesa. E claro, assim como no Brasileirão que tem
o Vasco, há gente pior.
Um líder
falastrão autoritário, que gosta de se meter onde não tem mais como apitar tem
muitos anos. Putin ou Eurico, o fato é que a semelhança entre as duas figuras
ajudou a colocar tanto a Rússia como o Vasco no fundo do poço. Soma-se a isso a
extrema dependência de peças que há alguns anos renderiam bastante, mas que não
estão bem hoje em dia, como Dagoberto, Guiñazu, petróleo e gás natural.
Com
constância no topo e ótimos resultados nos últimos anos, a China seria o
Corinthians. O fato dos dois serem tão importantes e estarem bem faz com que
qualquer crise, seja uma queda na bolsa ou um resultado ruim fora de casa,
tenha enorme repercussão e já coloque em cheque todo o êxito dos últimos anos. Ainda
assim segue no topo, mesmo com os alardes na imprensa.
O
Flamengo seria a Índia. Enorme, mas normalmente com uma administração confusa, às
vezes se acerta e consegue grandes resultados que animam a todos, especialmente
a mídia. Os resultados econômicos indianos já viraram rotina em publicações
como a The Economist e a figura do
atual primeiro ministro, Narendra Modi, já é tão comum nestes espaços como a de
Paolo Guerrero nos tabloides cariocas. O topo do mundo ou o hepta sempre são
logo ali, mas às vezes tem problemas no caminho.
Inter e
México fizeram grandes investimentos, apareceram muito bem na imprensa, no
entanto velhos problemas acabaram complicando o seguimento dos dois. Em um
caso, o fato de deixar o Brasileirão de lado, que já não ganha desde 1979, e o
excesso de medalhões rendendo pouco. No outro, corrupção e narcotráfico,
problemas tipicamente latinos.
A maior
potência no cenário internacional não vive grandes momentos desde 2008,
alternando fases ruins e estabilidade, mas sem ser o protagonista de outrora. A
economia dos EUA se recupera a passos lentos, enquanto o São Paulo faz bons
jogos no campeonato brasileiro. Os dois tem um problema que parece latente e
nunca se saem bem, no caso dos americanos, o complexo Oriente Médio, já para os
são paulinos a Copa do Brasil, que as últimas eliminações: Bragantino, Coritiba
e Avaí, fazem parecer a competição mais complicada que conflitos sectários.
Tanto o
Palmeiras quanto a União Europeia já foram bem mais imponentes no passado, no
entanto de uns tempos para cá, decisões equivocadas acabaram atrapalhando ambos
e enormes crises se instalaram. A medida encontrada foi a austeridade, que por
momentos criou graves problemas, como no quase rebaixamento do Verdão no ano
passado, ou o caos que se instaurou em economias mais frágeis, o que é evidente
no caso grego. Ainda assim, parece que as coisas se estabilizaram, a Europa
voltou a crescer a passos curtos, e o Palmeiras faz boa campanha no Brasileirão
brigando pelo G4. E um aviso aos europeus, a extrema-esquerda contra a
austeridade do Syriza e do Podemos não são nenhum Gabriel Jesus, ou seja, um
achado raro que vai ajudar as coisas a se resolverem mais rápido.