quinta-feira, 15 de maio de 2014

Uma pedra no caminho e outros pitacos

A arma de Putin
Em um dos brilhantes episódios de Simpsons, infelizmente não me lembro qual, Homer parecia em uma situação desfavorável, até que solta a seguinte frase: "Você só não contava com uma coisa: a minha indiferença com a vida humana." E é essa uma das principais armas de Putin no "xadrez" da geopolítica mundial. Enquanto europeus temem a falta de gás, Putin simplesmente ignora sanção após sanção, já que os anseios de sua população claramente não são prioridade. Isso ficou claro há cerca de uma década, quando ele resolveu uma situação na Chechênia ordenando a invasão de uma escola primária. O resultado foi de centenas de crianças mortas, e uma placa, que para o homem forte de Moscou bastou para honrar a vida delas.
É a água?
Depois da fixação com o caso Christie, voltamos com um outro prefeito vizinho, igualmente surreal. Toronto vem tendo dias um tanto quanto inesperados para o Canadá. A grande mobilização na cidade é quanto a não deixar que o atual prefeito se candidate para as eleições desse ano. Até o ano passado, quando ele havia sido flagrado fumando crack apenas uma vez, parecia que estava tudo bem. Mas neste ano, a reincidência deixou os canadenses indignados e parece que ficou ruim para o prefeito. Definitivamente, tinha uma pedra no meio do caminho.
Entre Lula e Putin
Eu costumo voltar minhas atenções para algumas figuras. Nos últimos meses, Erdogan foi uma delas. A narrativa de seu AKP e o PT tem semelhanças impressionantes. Até denuncias de corrupção que ajudaram a motivar manifestações populares. O homem forte da Turquia também tem grandes semelhanças com Lula, a diferença é que seu país permite que ele fique mais tempo no poder, e inclusive que concorra à eleições nesse ano. Mas Erdogan esta aqui pelo seu comportamento "putinesco" na última semana.
Um acidente em uma mina de carvão mata centenas de pessoas no seu país. E não foi o primeiro acidente na mesma mina durante sua gestão. E sua resposta é de que acidentes em minas de carvão são normais e aconteciam na Inglaterra no século XIX.
Criemos então o "Erdoganismo". Segundo ele, a escravidão seria aceitável, já que ela existia em vários países durante o século XIX. Na mesma argumentação, ele disse que os acidentes também aconteciam nos desenvolvidos EUA do século XX. Então vamos negar tudo o que foi conquistado em relação a direitos civis, já que negros deviam ceder lugar aos brancos em ônibus nos mesmos EUA do século XX.
E pra fechar, Erdogan mandou enterrar todos os mortos em uma cerimônia comum. Eu duvido que Homer Simpson ficaria indiferente dessa vez. E se tudo isso não bastou, vale lembrar que ele fechou o Twitter na Turquia.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Assad, o Bruno sírio

Eu tenho uma frase, não é genial nem nada, mas cabe bem aqui. Costumo dizer que não sei se o mundo tem uma mão, mas se tiver, com certeza o Bruno anda na contramão. Estamos falando da fera que em liberdade, chegou na imprensa e perguntou, da mesma forma que alguém pergunta quem nunca comeu Danoninho, quem nunca havia batido na mulher. É tão absurdo que paro por aqui.
Agora que já o apresentei, vamos falar do que realmente deixou o goleiro famoso. Acreditando que poderia perder parte do seu império(algumas granjas no interior de Minas), Bruno resolveu acabar com a vida de Elisa Samudio. Depois, seus capatazes se livraram do cadáver da moça, e o ex-jogador seguiu negando no processo que tivesse qualquer participação no crime.
E agora falando de quem interessa, temos Bashar Al-Assad. Assad também queria proteger seu império, este estava sob ameaça após o estouro da Primavera Árabe, que vinha com a promessa de livrar o Norte da África e o Oriente Médio de seus ditadores. A diferença de Assad para Bruno é que o patrimônio do sírio não é de algumas granjas, e sim de uma das maiores potências da região.
Para mantê-lo, Assad não poupou esforços. Buscou ajuda russa e chinesa para armar seus Macarrões, e mantém por três anos uma guerra civil que já matou entorno de 150 mil pessoas. Milhões de sírios já fugiram para países vizinhos, e inclusive a Turquia já começou a construção de um muro para conter o debandada.
Bruno quando foi preso, disse que iria rir disso tudo e que jogaria a Copa de 2014 no Brasil. E Assad concorre ás "eleições" no próximo mês. Segundo a mídia local, quando indagado sobre o que achava de uma candidatura em meio a guerra civil, teria dito "Que guerra?"
Lembrando sempre que a equipe aguardou a convocação de Felipão, e vale ressaltar que até o momento Bruno não esta nos 23 jogadores que defenderão o Brasil na Copa. Já Assad é o favorito a vencer o pleito local. Teria falhado no que o goleiro?

quinta-feira, 24 de abril de 2014

O SPC russo

Na coluna de hoje, nossa graduada equipe resolveu compactuar com o recente reconhecimento de Valesca Popozuda como expoente da cultura popular, e ficou resolvido que homenagearíamos  o espetacular e genial filósofo moderno Alexandre Pires, que acima de tudo é mineiro. Tentamos relacionar um pouco de sua grande obra com o atual momento crítico entre Rússia e Ucrânia.
Primeiramente, vale ressaltar a ação de Putin na Crimeia, território conquistado sem qualquer intervenção militar significativa, apenas inflamando um teórico espírito russo, em uma região diariamente bombardeada com acusações ao governo provisório, que iam desde supostos posicionamentos nazistas, até ao comunismo. O resultado como sabemos, foi uma eleição com 95% de apoio a adesão à Rússia, em meio a uma população de 15% de tártaros que haviam indicado que votariam contra a anexação. Em outra situação intervencionista, seria algo completamente fácil a contestação das eleições por parte da comunidade internacional, já com nosso Putin "come quieto", valeu tudo isso, e o maior país do mundo cresceu ainda mais.
A estratégia é semelhante a adotada em Donetsk, e pelo que especialistas indicam, Putin quer "botar pra quebrar" até chegar em Odessa. Caso o russo mais mineiro de todos consiga tal feito, praticamente anula todos os esforços da população ucraniana que tentou aderir a União Europeia. Lembrando sempre que a anexação dos tais territórios que buscam se separar é surreal, e não deve acontecer por muitos e muitos anos. Ainda assim, manter praticamente metade do país dos Shevchenkos em sua influência, é uma conquista difícil, e apesar de posicionamentos favoráveis ou contrários, tem de ser reconhecida.
Tudo isso em meio ao governo de Obama, que chega a ser apontado como o mais omisso da história. O chefe de um país que apenas 1/6 de sua população conseguiu localizar a Ucrânia no mapa mundo, e cerca de 80%, segundo algumas pesquisas, são contrários a qualquer intervenção militar no Leste Europeu. Parece que os americanos enfim se cansaram de seus soldados morrendo tão longe por países que eles sequer sabem onde ficam.
Do homem que chegou a aparecer na mídia por conta de uma relação com um leopardo, de fato "não tem como duvidar", e não sabemos até onde o expansionismo saudosista pode chegar. O problema é que tártaros, e todos os outros ucranianos que brigaram tanto para conseguir enfim se afastar da Rússia, e se aproximar da UE, tem muitos motivos pra não achar nada disso "tão maneiro uaí" e muito menos "bom demais".
Queria deixar claro que minha intenção era falar sobre Assad, que indicou que vai participar das próximas eleições da Síria em junho. Mas não tive o sangue frio suficiente para falar do Goleiro Bruno do Síria. Pode ter ficado para a próxima, ou não.

sábado, 22 de março de 2014

1994: o ano que não terminou

A posição da Rússia em relação as outras ex-repúblicas soviéticas preocupa o mundo. O imperialismo do governo, envolto a um saudosismo da recentemente extinta URSS se contrapõe ao resto do Ocidente e quem sofre é a população das agora nações independentes. Enquanto isso um país não ocidental assiste a uma matança indiscriminada, que é levada adiante em grande parte pelo descaso das principais potências.
Este foi 1994. Mas poderia ser 2014, a diferença esta nas proporções, e felizmente não há nenhum Milosevic praticando genocídio ou ruandenses matando 1 milhão de compatriotas em 100 dias. Lembrando disso Sebastopol parece um playground.
Mas nem tudo melhorou tanto. O fato de a China ter sido grande financiadora na tragédia em Ruanda, e ser uma das grandes apoiadoras do atual regime sírio preocupa, e muito, como a 20 anos. A diferença esta na OTAN, que ficou cada vez mais enfraquecida, assistindo a Rússia e aos chineses ficarem cada vez mais poderosos. As atuais crises na Ucrânia e na Síria, com o Ocidente sendo omisso de uma forma poucas vezes demonstrada antes, só prova isso.
O que não mudou, e eu sinceramente quero saber se estarei vivo para ver alguma alteração, é na valorização da vida pelas nações do Ocidente. A matança que em pouco mais de três meses matou tantos quanto 20 anos de homicídios no Brasil, teve a péssima ideia de ocorrer paralelamente a uma crise na Europa. Entretanto, na Síria a guerra já vinha ocorrendo, e matando centenas de milhares, a alguns anos. E enquanto isso, a nem tão longe assim Crimeia teve sua situação aparentemente resolvida, sem nenhuma morte por facão, serra elétrica ou gás sarin. Enfim, Yanukovich saiu, a Crimeia votou em um mês; Assad usou armas químicas e continua a três anos.
Vale lembrar que em 94, na última Copa do Mundo na América quem se deu bem foi o Brasil. Se isso for como há 20 anos atrás, eu não reclamarei. Já quanto ao inchado orçamento que parece ter crescido em proporção a diminuição do número de mortes anteriormente citadas, tem tudo pra ser assunto até 2034.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Foco Desviado

Passei por mais uma situação absurda pra não dizer surreal no Estádio Municipal. Desta vez nenhum massagista resolveu invadir o campo e evitar um gol, mas pra mim seguiu nessa linha. Entrei no estádio, e como sempre na revista policial me pediram para levantar a camisa. Quem me conhece sabe que não ostento grandes números na cintura, e inevitavelmente uma parte pequena da minha cueca apareceu, longe de ser por modismo ou estilo, pura magreza. E neste momento o senhor policial disse para mim: "Levanta essa bermuda ai!" Fingi que não entendi e perguntei o que ele tinha falado, e então ele respondeu: "Levanta isso ai, tá cheio de mulher lá dentro."
Na hora não dei muita atenção e fui ver a vitória do Tupi por 2 a 0 contra o Atlético (tinha que citar isso, não acontece sempre), mas depois pensei no policial. Enquanto a cidade tem taxas de violência que vem fazendo frente a qualquer cidade nordestina, a preocupação daquele que tem que garantir a segurança da população era o quanto a minha cueca estava aparecendo? Caso este texto chegue ao senhor, sugiro que repense na sua carreira, o mercado para consultores de moda parece estar em alta, e suas preocupações estão mais perto disso do que com a segurança da população.
E enquanto isso outras bizarrices envolvendo a segurança da cidade eram evidentes, como o fato do ônibus do Atlético ser completamente escoltado na permanência do time na cidade, enquanto no mesmo sábado o Largo do Riachuelo seguia sem nenhuma proteção e um paraíso para delinquentes. Vou parar de citar por aqui pois quem mora em Juiz de Fora não precisa ouvir mais relatos sobre a violência na cidade. Precisamos de ações, e neste momento a minha será endireitar a minha bermuda para sair na rua antes de ser abordado pela polícia.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Dois Trapalhões e outros pitacos

Caso Christie
Quem me conhece sabe o quanto eu fiquei perplexo com a mulher que recentemente levou uma "porco-espinhada" na cabeça. Eu me imaginei andando na rua e de uma hora para a outra tem mais de 150 espinhos no meu corpo. Mas o ser humano consegue se superar e quem acompanhou o noticiário nas últimas semanas viu o que o cidadão Chris Christie conseguiu fazer: governador de Nova Jersey e membro do partido republicano Christie queria apoio democrata nas últimas eleições. Quando teve o apoio negado pelo prefeito de Fort Lee o governador simplesmente resolveu bloquear o tráfego na principal via de acesso da cidade, uma ponte que segundo especialistas é a mais movimentada do mundo. Por puro "chilique" como uma criança muito mimada, uma das principais figuras dos republicanos para as eleições de 2016 ficará sem o cargo de presidente. Já que apenas uma trapalhada do Tea Party pode tirar o partido do poder. Além disso responde por processo de 6 pessoas que sofreram danos com o fechamento da ponte, e há até mesmo o risco de perder o cargo como governador. Nada se compara com o Padre do Balão que perdeu a vida daquela maneira, mas o suicídio político de Christie entra no mesmo ramo.
Sochi
Não sei o que foi pior escolhido para essas Olimpíadas de Inverno, se foi o momento ou o lugar. Os dois são péssimos diga-se de passagem, e as recentes promessas de ataques terroristas só reforçam o fato. Com possibilidade de boicote, Putin, eleito o homem mais poderoso do mundo no ano passado, não vai deixar que as ameaças separatistas ditem as regras no evento. E Putin já mostrou que não negocia quando ordenou o ataque que matou centenas de crianças na Chechênia há alguns anos. A repressão durante o evento será imensa o que pode enfraquecer a política russa no cenário internacional e levar a reações nas complicadas Síria e Ucrânia. E caso as promessas sejam cumpridas poderemos ter uma nova Munique em 72, no entanto com aviso prévio.
Primavera Árabe 
Completamos nesse mês três anos do inicio do movimento. No Egito o saldo é de duas deposições e dezenas de milhares de mortos. Na Síria centenas de milhares na mesma situação, milhões de refugiados e Assad candidato à reeleição. Mas vamos olhar para o copo meio cheio. E o melhor ficou com os EUA, que parece que Vietnãs e Iraques depois entendeu que não precisa de mandar soldados para a morte em outros países. O petróleo vai continuar chegando do mesmo jeito, aliados aos sauditas ou até mesmo ao Irã. Mas é mais interessante manter os americanos consumindo os bens produzidos do que matando civis inocentes a milhares de quilômetros de distância. Obama foi omisso na Síria, mas acertou e muito mantendo os americanos na América.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Escolha Certa

Era um garoto que era eu. Não amava os Beatles e nem os Rolling Stones. Na verdade gostava de funk, sabia as letras do Bonde do Tigrão e de quem mais fazia sucesso na época. Andava com um cordão "de surfista", sem camisa e abanando os braços e se achava o cara mais malandro do Paineiras e adjacências.
E então aconteceu o fato que gera este texto. Fui na casa dos meus avós em um bairro afastado do Centro. Joguei bola com uns colegas e depois disso uns rapazes mais velhos resolveram me interrogar: "Playboy, sabe o que é CV?" e respondi "Sei, é Comando Vermelho, uai!" "E ADA?" "Amigo dos Amigos, não é?"
Eu tinha acertado, logo parecia que tinha me enturmado, até que chegou uma das perguntas mais difíceis da minha vida: "E você é de qual?" a resposta era mais complicada do que parecia. Dependendo do que eu falasse as coisas poderiam ser diferentes. A situação era semelhante a quando te perguntam se você é de "direita ou de esquerda", "democrata ou republicano". Aquela resposta valia muito.
Então comecei a analisar: com qual dos dois eu me identifico mais? Quais eram os métodos dos dois? E nisso ouvi um: "Responde playboy, qual dos dois?" Foi quando eu lembrei que já tinha escutado naquela região um funk parecido com: "Comando tú passa mal, porque Comando é vermelho(...)" Foi ai que ignorei as diretrizes dos dois lados e respondi: "Sou CV!"
Eu tinha acertado. Era um deles. Não sei por quais motivos eles escolheram o Comando Vermelho, mas a partir de agora eu era CV. No entanto a alegria durou pouco. Algumas semanas depois levei minhas figurinhas do Campeonato Espanhol 2004/05 para a casa dos meus avós. Mostrei para meus colegas, e quando voltei para casa e fiz a recontagem, faltavam várias. Fui tirar satisfações com meu companheiro de CV e ele começou a me encarar. Aconselhado por meus amigos recuei para a casa de meus avós.
Nunca mais vi meus companheiros de CV. Isso não é um bom sinal pela vizinhança. Não sei que destino tiveram, se viraram de esquerda e depois a abandonaram  como eu, ou se viraram ADA. Se foram presos ou ficaram ricos. Mas eu até hoje quero saber o que defende o CV.