A
referência não tem como fugir ao hino, mas o foco é na música dos Sex Pistols.
O contexto do movimento punk tem inúmeras relações com o que vimos na Escócia
nas últimas semanas. A principal, e motivadora das outras, é uma crença da
população, especialmente jovem, de que eles não são representados pelo governo.
Principalmente
nos últimos 30 anos, a crença é extremamente embasada. O conservadorismo, em
baixa na Escócia, tem o poder em Londres, ainda que dentre os 59 deputados
originados do país do bom whisky, apenas um tenha uma postura conservadora. Postura
essa do atual primeiro ministro, James Cameron, e da mais importante política do Reino Unido no período, Margaret Thatcher.
A
insatisfação é absolutamente embasada, especialmente na Europa, aonde
recentemente o descontentamento chegou até na Suécia e levou uma preocupante
extrema direita a ter representação no poder. O ponto chave, é que assim como
muitos no movimento punk, o sentimento de mudanças assumia grandes riscos caso
estas acontecessem, e foi o que a expressiva votação do “sim” mostrou.
O
risco que uma independência escocesa representava foi extremamente abordado,
ainda assim a intenção de mudar mesmo que com um “tiro no escuro”, teve enorme
apoio. Em meio a uma Europa em grave crise econômica, pareceu razoável para
muitos fundar toda uma estrutura econômica, sem sequer uma moeda definida, e
nem saber se teria uma entrada garantida na União Europeia.
O
nacionalismo escocês não tem grande apelo, e inclusive ficou bem de fora das
discussões no referendo, que focaram, sobretudo em questões políticas e
econômicas. Não há grandes semelhanças no movimento escocês com o basco, por
exemplo, já que gaitas de fole a parte, a identidade britânica é marcante no
país.
Preocupa
a ideia de que qualquer mudança é bem vinda em meio a situações adversas, e sem
precisar citar as atrocidades do século passado, temos como exemplo as últimas
eleições do parlamento europeu nas quais houve uma enorme adesão tanto de
extrema esquerda quanto de direita, que coloca ainda mais em risco a estabilidade
do bloco. Deixando claro que a autonomia escocesa poderia ser uma grande brecha
para extremismos, ainda menos presentes no Reino Unido que em vizinhos como a
França.
Uma
das grandes apostas dos apoiadores de uma separação é uma teórica autossuficiência
petrolífera da Escócia. Reforço “apostas”, já que não havia dados concretos de
até quando o combustível duraria, e poderia a Escócia cair no grave exemplo
grego em que reservas foram supervalorizadas e a real condição acabou
contribuindo para a grave crise no país.
A
incerteza quanto a essas reservas foi um dos grandes argumentos dos que eram
contra a independência e ilustra bem o quanto era arriscado o plano dos
escoceses. No fim das contas o “oil” acabou contribuindo para o lado racional,
já que com um plano econômico definido, a Escócia aguarda concessões de Londres
para tentar ao menos representar mais os escoceses. Em um Reino Unido com
tantos problemas em relação a “God”, especialmente na Irlanda do Norte, vou
terminar dizendo que o “oil” salvou a Escócia, o Reino Unido, e a Europa.
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