segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Obrigado? É pouco

Duas vezes já fui enquadrado naquelas discussões que não levam a lugar nenhum, só fortalecem a amizade, mas são ruins de perder igual a uma partida no FIFA com um gol aos 90 minutos. Nas duas o tema era minha idolatria por Rogério Ceni (M1TO), e foram bem parecidas:

-Kibe, o que você vê tanto nesse cara?
-É o maior ídolo do São Paulo, ganhou vários títulos, dedicou a vida ao time.
-Mas Raí, vários outros ganharam até mais títulos, só saíram porque não eram goleiros, ganharam as Copas do Mundo que você valoriza tanto...
-Mas ele é o maior goleiro artilheiro da história, fez algo inédito na posição, revolucionou o modo de defender.
-Ok, mas e se um meia batesse os pênaltis e as faltas? Não dava no mesmo? Por que o goleiro? Só pra ser diferente?
-Mas não é só isso, ele foi totalmente diferente, tem personalidade, motiva o time, é chato quando tem que ser, coloca ACDC no vestiário...
-Eu sou chato, tenho personalidade, motivo as pessoas, e ouço ACDC onde eu estiver.
-Bom (esse é o momento que se o tema fosse política, economia, culinária, moda, ou qualquer outro assunto que dois amigos sem nada pra fazer estiverem a fim de discutir, poderia representar um nocaute). Eu até concordo com alguns pontos, mas...
-Mas o que? Eu quero saber.
-Futebol não é exato, não pode ser só fatos. Você sente e pronto, se eu pensasse tanto antes de torcer eu xingaria o juiz mesmo sabendo que foi falta contra o meu time, e que ele é um profissional absolutamente mal preparado pelas milionárias e corruptas federações que dão salários enormes aos seus membros, mas não dão condição da arbitragem se dedicar exclusivamente ao dever dela? Chamaria alguém que sempre passou dificuldades de mercenário só por aceitar uma proposta ótima do exterior?
-É Kibe, acho que entendi...
-Acha que...
-Não, tá certo, deixa seu ídolo. Mais uma Brahma?

Deixando os porquês a parte, só tenho a agradecer. Agradecer aquele que me inspirou a bater uma falta quando eu achava futebol chato, já que minha habilidade mal me permitia ficar no gol pra completar time. Agradecer por aquela bola, que eu fechei os olhos e chutei de bico, ter entrado e eu sentir pela primeira vez o que era fazer um gol. Agradecer por depois daquilo, ter me tornado um oportunista nato dentro da pequena área, apaixonado por fazer gols e com o futebol como melhor passatempo (oportunista nem tão nato, mas não com menos amor). Agradecer por ter tido alguns dos melhores momentos da minha vida, assim como os grandes amigos, graças ao esporte bretão.


E não sei se agradecer é forte o suficiente para falar da alegria que sinto de torcer pelo gigantesco São Paulo Futebol Clube, graças ao senhor. Os vários momentos felizes que esse clube maravilhoso me proporcionou vão ficar para sempre na minha memória, estando mais ou menos afastado do futebol, que graças ao senhor, M1TO, aprendi a amar.

Não tenho esperança de ver a Libertadores torcendo e me emocionando do mesmo jeito que quando o senhor jogava. Não só por isso, a paixão esfriou e os oito jogos na televisão por semana deram lugar a um máximo de três, acompanhados de leitura sobre o financiamento suspeito de times. Pelo menos vê-lo no gol e lembrar-se das defesas fantásticas ou da minha primeira alegria no futebol não vai dar espaço à indignação com empresários corruptos.

Espero que o senhor saiba, que as palavras de agradecimento que faltam neste momento, podem simplesmente dar espaço a xingamentos assim que o senhor voltar ao São Paulo em outra função. Mas acho que não preciso me preocupar, já que o chato pra caralho, goleiro comum embaixo das traves, velho e acabado sempre deu a volta por cima e para como o maior atleta que eu vi atuar. Obrigado M1TO. Até breve. 


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