É
só chegar o final do ano pra duas coisas se proliferarem na mesma velocidade:
resoluções para o próximo ano e piadas sobre as resoluções para o próximo ano.
Todos já fizeram ou pelo menos ouviram os mais mirabolantes planos sobre
dietas, academia, beber menos, trabalhar mais e tudo aquilo que dura menos que
a queima de fogos logo que janeiro se inicia.
Apesar
de realmente se tratar de algo engraçado, minha intenção aqui fica bem longe do
humor. O que me preocupa não são amigos com alguns quilos a mais, um pouco
menos fortes ou bebendo mais do que gostariam. O que eu quero tratar é de uma
promessa que se arrasta pelo ano inteiro, e que enquanto ficar só como
resolução para o próximo ano, vai inundar países, alterar
completamente o clima global, e se é assim que as coisas causam impacto: pode
obrigar todos a racionar o banho depois da academia.
Avanços?
Tivemos. Posso escrever este texto tranquilamente, apoiar boa parte das
propostas do PV, ser fã do Al Gore, sem ser chamado de “ecochato”. Mas
obviamente, como vemos na Cantareira, é pouco. Alguns estudos apontam que se iniciados
hoje, projetos fariam com que o Brasil zerasse o desmatamento até 2025. No
entanto é fim de ano, mudança no governo, podemos deixar pra começar no ano que
vem mais uma vez. No lugar de mudanças, é só eleger um dos principais nomes da
bancada ruralista para cuidar do nosso meio ambiente. Kátia Abreu, estamos com
você!
Enquanto
as ideias que mandarem nos países desenvolvidos forem as de conservadores que
acreditam que tudo é absolutamente reversível mediante investimentos; e nos
países em desenvolvimento as de progressistas de que se os ricos poluíram tanto,
não temos que nos preocupar, realmente Kátias Abreus e Cantareiras não serão
exceções. Ouço desde que consigo distinguir as palavras que o tempo está
acabando e que só uma mudança radical pode nos salvar. E como para mim o
Capitão Planeta é tão real quanto as preocupações ambientais de nossa nova
ministra, realmente chegou a hora de agir sem deixar para o próximo ano.
Enquanto
o discurso dos defensores do meio ambiente estiver pautado em reduções surreais
de consumo que nos levariam aos patamares da Idade Média, e em ideias como a
adoção imediata de uma dieta global baseada em insetos; no lugar de discussões
como a proibição do financiamento privado de campanha por empresas com
interesses contrários aos do bem estar geral, e a adoção de energias limpas,
nossas chances de reverter os problemas serão iguais as de um frequentador de
academia por três dias reverter seu peso.
Enquanto
desenvolvimento sustentável for uma série de propostas vagas de algumas
candidaturas e não uma pauta necessária a todos os governos; enquanto
ecologicamente correto não for sinônimo de politicamente correto; enquanto não
enxergamos a cotidiana falta d’água como resultado da destruição da longínqua
Amazônia, vai continuar muito difícil desejar um feliz ano novo de verdade.
Mas
vamos lá, vou encarnar Augusto Cury por algumas linhas: não deixe suas
resoluções para depois, faça logo que puder. Largue tudo àquilo que não lhe faz
bem, não importa o quanto isso pode ir contra o interesse dos outros. Não trace
objetivos que pareçam impossíveis, separe-os em parte menores e aprecie o
resultado em longo prazo. Estes são os votos da equipe do Vale do Paraibuna
Connection a todos os governos, leitores e amigos. Um feliz 2015.
Obs:
Não sei quais efeitos no clima tem a Ecobier, mas meu bolso vem agradecendo
essa cerveja que não é ruim, e é Eco.
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