Lembro bem, afinal de contas não faz tanto tempo assim,
daqueles semideuses que vêm se despedindo dos gramados há alguns anos, ainda em
ação. Zidane, Del Piero, Seedorf, Gattuso, Nedved, Davids, Makelélé, Giggs, e
tantos outros que faziam aqueles dias regados a play 1 e Danoninho ainda mais
especiais. Dias que só não chegavam a serem
tão encantadores quanto os dias de Champions League na TV. A oportunidade de
realmente assistir ao Roberto Carlos do ataque, enfrentando o Del Piero mestre
das faltas era algo especial. Mas não é de nenhum destes gênios que vou falar
neste texto, e sim de outro amor, que aparecia no plano de fundo.
Quem me conhece sabe da minha relação de amor com a
Heineken. Alguns amigos já me disseram que não é verdadeira, que ela só está
interessada no dinheiro. Bobagem. Alguém nutrir paixão por uma cerveja é belo e
justo, o problema é quando essa relação vem de tempos quando alguém não deveria
ter grandes contatos com bebidas alcóolicas, cigarros e outros produtos que não
são permitidos á menores de idade por razões também justas.
Uma criança pode querer um tênis ou uma bola simplesmente
por seus jogadores preferidos fazerem propaganda destes. Quem dirá os tempos do
começo do texto, quando os produtos “total 90” eram tão disputados quanto as
figurinhas em época de Copa. Eu nunca tive os produtos da Nike, mas lembro do
tormento que alguns dos meus amigos causavam até as mães comprarem a tal bola que
normalmente era isolada depois de duas semanas. Acho que sou menos susceptível aos
apelos comerciais, talvez pelo meu ódio prematuro ao imperialismo, mas não
totalmente livre, tanto que resolvi escrever este meu humilde relato.
Quando me perguntam: “Kibe, você realmente gosta do gosto da
cerveja?”, minha resposta normalmente é: “Sim, bastante.”. Acredito que pela
família que tenho, e principalmente por gostar bastante de cerveja, eu viria a
ser um grande consumidor de qualquer maneira. O ponto é: quando eu escolhi pela
primeira vez tomar uma Heineken, e senti um gosto bem mais amargo do que já
havia experimentado nas outras, era só uma opção de bebida, ou tinha toda a vinculação
de uma marca global associada aos meus heróis de infância?
Infelizmente eu acho que a segunda resposta tem uma
influência muito maior do que deveria. O impacto que vários jogos, intervalos
comerciais e outros meios, nos quais a Heineken era vinculada aos meus jogadores
preferidos, teve uma atuação em um amor que poderia até acontecer naturalmente,
mas foi iniciado em anos que apesar de concepções, equilíbrio familiar, no fim
das contas pra uma criança ainda são seus heróis, e do lado deles uma cerveja.
O meu foco na Heineken é por motivo absolutamente pessoal,
claro. Tudo comigo aconteceu exatamente desse jeito, mas óbvio que Ambev,
Marlboro, Budweiser (que veio na Copa com o comercial mais legal que já vi), e
todas outras empresas que vinculam publicidade em meios de apelo infantil,
também são representadas. Não acho que o que a Heineken faz é tão errado,
afinal de contas não há legislação especifica sobre isso, e o espaço poderia
ter sido comprado por grupos com interesses piores. O amor continua, só
guardo magoas pelo Twitter da Heineken Brasil não me seguir.
Acho que discutir apenas a publicidade especifica pra
crianças é um equivoco, já que o público infantil não vê apenas aquilo que é
feito pra eles. No meu caso, o efeito foi criado, e hoje vivo uma relação de
amor que não sei se começou na idade certa. O mesmo poderia ter acontecido com
a Feiticeira, meu amor platônico dos seis anos de idade. Infelizmente não aconteceu,
então termino com um lado positivo, o agradecimento dos meus pulmões á Rogério Ceni por nunca
ter feito propaganda de cigarros.
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